terça-feira, 19 de agosto de 2014

UMA MANHÃ PARA ESQUECER!


Para quem se dizia “o rei do pedaço”, foi muita humilhação amanhecer daquele jeito. Uma situação totalmente imprevisível acontecera.

A coisa toda fora mais rápida que bote de cobra. 

Lembrava que, naquela noite, tudo se acalmara bem cedo. Os viventes e também os animais acolherados junto aos galpões, no meio do feno, descansavam. Quando Epaminondas, o Epa, fazia um último reconhecimento pelo cercado, já tardiamente, para ver se nenhuma de suas preferidas por lá andava ainda a ciscar, aconteceu o inusitado. 

Quem poderia prever algo tão insólito! Não houve tempo para reação.

Parece que já o esperavam para fazer tal judiação. Logo ele, que morria de pena do Gonçalo, o Gonça, sempre às voltas com aquele incômodo a que o submetiam quando chegava qualquer visitante. O patrão Humberto até tinha razão para tal procedimento. O bicho ficava uma fera quando aparecia qualquer cara nova pela redondeza. Então, a solução era uma coleira que lhe colocavam, mantendo-o preso junto ao potreiro.

Latir raivosamente é uma coisa. Dá medo e precisa de contenção.

Agora, cantar é outra coisa. No seu caso, era a confirmação diária de seu charme e elegância quando se aproximava delas. Elas todas gostavam. E como gostavam!

Ele conhecia, melhor do que ninguém, os hábitos daquele rincão. Madrugador, que nem os pássaros da região, soltava o seu reconhecido canto, numa total demonstração de que continuava vivo e no comando.

Naquela manhã, porém, a bruxa estivera solta por lá. O interessante é que sua preocupação passava longe daquilo que aconteceu.

Andara sabendo que, há algum tempo atrás, lá pras bandas da Cidade Maravilhosa, um companheiro já tinha sido preso por ordem judicial. Tudo porque cantava a plenos pulmões durante a madrugada. A notícia não descartava a hipótese de ser o pobre despejado. Coitado do Natal! Este era o seu nome. Não sei como andará ele hoje. À época, ele cantava de oito em oito segundos, durante a madrugada, segundo depoimento do seu algoz.

Agora, Epa respeitava horários.

E, claro, não vivia em plena Copacabana, conforme seu patrão lhe segredou, depois de ler a notícia que, aliás, encontra-se registrada logo abaixo.



Mas voltando à manhã fatídica, nunca imaginou que passaria por tal situação. Ao contrário do amigo Natal, o Epa não foi preso. Pôde andar toda a manhã, desfilando a sua impotência diante de todas aquelas beldades, suas conhecidas há tanto tempo.

Uma verdadeira humilhação. Estava livre do pescoço para baixo. 

Imaginem a cena! Como cantar esgoelado! 

Daquela manhã jamais esquecerá!

Após um tempo interminável, apareceu um cidadão todo uniformizado que o tirou, finalmente, daquele constrangimento.

Soube, dias depois, que o tal artefato tinha como lugar de uso o tornozelo. Claro, com os gambitos que tem, foi mais fácil o meliante desfazer-se da engenhoca prendendo-a ao pescoço do Epa. Um colar de fazer inveja às belezocas do quintal!

Agora, o Epaminondas acredita, firmemente, que o meliante não quis debochar de ninguém. Quis livrar-se da engenhoca e foi criativo.

O Epa, que se recupera do vexame diante das suas fãs, anda a cantar mais alto do que o de costume. Só para reforçar seu importante papel no galinheiro do seu Humberto.

Ouviu, dias atrás, seu patrão a matraquear pelo galpão umas ideias com as quais concorda.

Se a coisa está tão fácil assim, melhor é dispensar as tais tornozeleiras. Afinal, se assim fosse, ele, o galo Epaminondas, não teria sofrido todo esse vexame.

Quanto ao seu patrão? 

Bem, o Epa não tem uma resposta de pronto.

Acredita, porém, que ele e os demais estancieiros farão a diferença quando exigirem do Estado soluções eficazes e duradouras, para que o deboche não se estabeleça como prática cotidiana.



Aliás, a criadora do Epaminondas lembra o poema TECENDO A MANHÃ, de João Cabral de Melo Neto, que reforça a necessidade de união de todos, representados ali, ao invés do canto, pelos gritos dos galos, que se agrupam em torno da construção de um tecido social tão forte que ascende, por si só, em busca de soluções para o coletivo.


Pois é! Epaminondas e seus pares não sabem que serviram de mote para tão denso poema. Poema que, tornando-se concreto, poderia resolver o caso “das tornozeleiras”. Quem sabe, com o decreto de sua inutilidade e com o avanço e efetiva solução do problema carcerário no Brasil.

Quem sabe!




TECENDO A MANHÃ – poema de João Cabral de Melo Neto 













terça-feira, 12 de agosto de 2014

OLHARES RECLUSOS



Que tristeza um olhar que não se atreve a acompanhar o movimento contínuo das nuvens. Numa dança mais lenta ou num frenético bailado, é instigante acompanhar o vai e vem de tantas que povoam o céu de todos nós. E as estrelas? E a lua? Tudo ao dispor do nosso olhar desamedrontado. Um olhar que traça imagens e cenas, que cria histórias, as mais diversas, apenas pelo olhar voltado para o firmamento. 

Isto é contemplação!


Milhões de olhares, porém, não mais dispõem desta possibilidade. Embora a natureza ofereça gratuitamente esta dádiva, ela exige tempo. Mas, primordialmente, ela exige paz. E é disto que estamos a tratar. Paz para assistir a este espetáculo diário. Paz para desfrutar de um pôr do sol, de uma chuva mansa, ou mesmo de trovoadas ameaçadoras. Essas últimas, lembrando-nos apenas que são resmungos de quem se zangou e está a arrastar cadeiras no chão do céu.

De milhões de olhares, porém, foi sonegado este direito: o direito de encantar-se, de maravilhar-se com o espetáculo da mãe Natureza.

Os seus olhares procuram, ao contrário, desviar daquilo que lhes reserva o céu. Este passou a ser uma ameaça constante e implacável. O melhor a fazer é não olhar. É fechar o olhar ao belo e esgueirar-se por caminhos tortuosos, por túneis ou entre escombros. O olhar, pelo menos, estará a salvo de assistir a chegada da tragédia que vem pelo ar, já que o corpo aguarda o desfecho de mais um ataque.

Como se pode permanecer por tanto tempo sob tantas tragédias!

O que fazem os pacifistas?

Pela palavra e pela música tem-se tentado acordar a espécie, que se diz civilizada, para um novo momento de sua evolução.

Alguns desses pacifistas foram, momentaneamente, artífices de movimentos que mudaram sociedades retrógradas. Algumas conquistas. Poucas diante do tamanho do desafio e dos senhores que vivem das guerras.

Luiz Coronel, consagrado poeta gaúcho, patrono da 59ª Feira do Livro de Porto Alegre, ocorrida em 2012, em seu poema OS PACIFISTAS, transcrito, ao final da crônica, na íntegra, em sua 5ª estrofe escreveu:


De gravata ou turbante,

Os padeiros da morte

Sovam seus pães de pólvora.



Daniel Barenboim, famoso regente, argentino de nascimento e de origem judaica, criou, em 1999, a West-Eastern Divan Orchestra, juntamente com o intelectual palestino Edward Saïd, já falecido, e com Bernd Kauffmann, responsável pelo Festival das Artes de Weimar (Alemanha), justamente no ano em que a cidade foi escolhida como a Capital Europeia da Cultura. Esta orquestra é composta por jovens músicos do Médio Oriente, entre eles israelitas e palestinos. Também há iranianos, sírios, libaneses, jordanianos, egípcios e espanhóis. A orquestra tem sua base em Sevilha, na Espanha.

Sem nos atermos às declarações de Barenboim sobre o conflito entre israelenses e palestinos, vê-se com clareza o objetivo da orquestra: o de promover o diálogo e a paz entre judeus e não judeus do Oriente Médio.

O nome da orquestra foi inspirado na antologia de poemas de Johann Wolfgang von Goethe. Na conhecida composição lírica chamada West-Östlicher Divan, ou o Divã Ocidental-Oriental (1819), Goethe procurou conciliar a rica tradição poético-árabe com elementos subjetivos europeus da época. Segundo estudiosos, Goethe começou a estudar árabe quando já tinha 60 anos, tendo, ao longo de sua vida, sempre demonstrado interesse pelas culturas de outros países.

Embora tenha ocorrido um agravamento do conflito entre Israel e Palestina, os jovens músicos continuam a se reunir todos os anos em Sevilha. Cidade que sempre foi exemplo de convivência pacífica entre judeus, muçulmanos e cristãos.

Que belo exemplo! Que belo trabalho!

Sim, é possível unir diferentes povos pela música e, digo eu, pela palavra poética, não comprometida politicamente. Apenas comprometida com aquilo que expressa os amores, as dúvidas existenciais, as belezas postas a cada amanhecer, os sonhos projetados a cada entardecer, os propósitos e desafios que se deitam com cada um de nós. Tudo, enfim, que nos depure e nos aprimore como seres em constante evolução. A busca pela união entre os indivíduos, independentemente de etnias, crenças, culturas ou religiões, é o que deveria nortear os esforços dos povos que habitam este já tão pequeno Planeta.



Que tristeza um olhar que não se aventura, que não sonha, que está preso aos horrores da guerra.

Em algumas partes do mundo, o olhar não está mais solto. Tiraram-lhe a liberdade de vagar pelos céus, pela vastidão do universo. O seu alimento primordial, que são as imagens, estas lhe são servidas, a cada dia, mais sombrias, mais escuras, mais putrefatas, de difícil absorção, de impossível digestão.

Carlos Drummond de Andrade, nostalgicamente, escreveu LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO, cujos 8º, 9º e 10º versos dizem:



As crianças olhavam para o céu: não era proibido.

A boca, o nariz, os olhos estavam abertos. Não havia perigo.

Os perigos que Clara temia eram a gripe, o calor, os insetos.



O poema, na íntegra, transcrito abaixo, faz referência ao sentimento de insegurança trazido pelos tempos de guerra.


Sob o peso do iminente ataque que sobrevém a todo instante, o olhar pende para baixo. Perde-se ele por entre escombros, por entre corpos, por entre sonhos que recém desabrochavam. Nem mais os abrigos suportam tamanha tragédia.

Para tanto horror, criaram a trégua humanitária. Uma verdadeira falácia. É preciso que existam algumas horas de alívio, em que os ainda sobreviventes recebam alimentos para não morrer tão logo. É preciso ainda ter gente lá embaixo, para alimentar a sanha de quem não se cansa de matar.

Com tanto horror acontecendo, em tantos lugares ao mesmo tempo, acredito que a Superlua, espetáculo que a Natureza nos brinda de tempos em tempos, brilhou solitária no firmamento sobre aqueles distantes campos de guerra. Sem plateia, sem olhares a reverenciá-la. Olhares que se encontram reclusos no círculo de horrores que se instalou ao seu redor. Olhares que não mais ousam erguer-se. Pelo menos, por hora.



Quem sabe na próxima Superlua?




Poema OS PACIFISTAS de Luiz Coronel


Poema LEMBRANÇA DO MUNDO ANTIGO de Carlos Drummond de Andrade



Música para a Paz 



9ª Sinfonia de Beethoven – 4º Movimento – Daniel Barenboim e West-Eastern Divan Orchestra










terça-feira, 5 de agosto de 2014

BENDITA SINERGIA!


O olhar, que se abre naquela gélida madrugada de tempos atrás, nada vê com clareza. Os sons, porém, já são audíveis. Alguns mais graves, outros menos. Sussurros, com certeza. Um bater de porta, talvez. O mundo chegara de mansinho. Ou foi o contrário?

O que se sabe é que, bem depois, detentora de uma privilegiada audição, ouvia o bater de uma folha seca, caída de uma árvore sobre um chão batido. Igualmente, as palavras já então incorporadas faziam coro com imagens e sons que, por vezes, amedrontavam.

O som do afiador de tesouras metia medo. 

Alguém, em algum momento, atrelara a figura do afiador a um ser que pegava as criancinhas. Que dano irreparável!

Mesmo assim, aquele era reconhecido como um som que iniciava uma melodia num tom mais baixo e que, no ar e ao longe, se perdia em uma nota bem mais aguda do que a primeira da série.

Os anos que se seguiram foram ricos em descobertas. O mundo das palavras, com seus sons e ritmos, acabou por casar-se com a música. Esta foi, considero eu, um elemento-chave na engrenagem que alimenta meu ser até hoje. 

O gosto pela palavra também crescia a cada dia.

Houve palavras que, quando lidas por mim, naquele exato momento, causaram-me um impacto tão grande que nunca mais me esqueci daquele instante. A palavra objeto desse encanto foi “paladino”. A frase era um título: O Paladino da Natureza. Quando busquei o seu significado, mais maravilhada fiquei ainda. Paladino era aquele bravo defensor, no caso, da Natureza. A força da palavra, o som que dela emanava era como a marselhesa para os ouvidos. Ou como o próprio Hino Nacional Brasileiro com toda a sua bravura em sua letra descrita. Esse gosto pela palavra ampliava o vocabulário, o que era perceptível quando da elaboração das redações escolares.

Eis que, de repente, ela chegou para ficar. Aquela que já fazia par sem ainda ter-se revelado por inteira.

O estudo da música abriu um universo de novas possibilidades, de novos sentires, de uma percepção de sons e ritmos que poderiam embalar versos ou até mesmo uma prosa poética.

O reencontro, este ano, com a Professora de Música, Nívea Rosa Thumé Karam, através do facebook, foi extremamente gratificante. A crônica A ELA, publicada em 20 de maio de 2014, demonstra a importância que tiveram elas, a música e a mestra, nesta jornada.

Participando em festas na escola, em eventos na paróquia que frequentava ou viajando pelo Atlântico através do alto-falante do navio Ary Parreiras, conforme relato feito na crônica SUAVE É A NOITE, publicada em 30/01/14, ela sempre esteve junto a mim. Em momentos também difíceis, lá estava ela. Sempre pronta para ajudar. Uma amigona!

Hoje, confesso que retorno com mais força a estes dois amores: a palavra e a música. Aqueles outros amores, que me acompanham, já foram revelados na crônica BEM-VINDO, AGOSTO! publicada em 05/08/13.

Estes são amores que se curtem quase sempre a sós. Nada exigem. Apenas esperam que aquele que deles precise os busque no momento de necessidade.

E o melhor de tudo é que a Internet abriu a possibilidade de podermos aliar o texto escrito à música, para emoldurá-lo.

Que melhor moldura para a palavra do que a música?

Atualmente, cultivo a palavra como nunca fizera antes. Da música, jamais me afastei. 

Esta sinergia vale ouro!

Neste dia 5 de agosto, bendigo esta dupla.



Desfrutada, é claro, ao lado de um companheiro inseparável: o chimarrão.





Poema A Palavra – de Pablo Neruda 



Poem Op. 41, nº 4 - Zdenek Fibich 



Palavra Mágica - Carlos Drummond de Andrade







sexta-feira, 25 de julho de 2014

A BOMBA



“A bomba abriu um belo buraco no teto, por onde o céu azul sorri para os sobreviventes.” 

Mário Quintana (Caderno H – p. 143)


Será este um pensamento poético sobre a dureza da guerra? Vamos adotá-lo como abertura para as tragédias diárias, que se sucedem nas guerras fratricidas mundo afora.

É difícil mantermos a esperança de que o céu ainda sorria após tanta atrocidade.

Talvez, apenas um poeta, como tempos atrás escrevi, possa:


...mergulhar o olhar no avesso do belo e ao final,

Com seu poetar,

Entregá-lo menos feio do que o original.

É pousar o olhar sobre este mundo

E devolvê-lo, em versos, mais iluminado e puro.



Torna-se, porém, cada dia mais difícil poetar.

Quintana já percebera isso quando escreveu o seu POEMA OUVINDO O NOTICIOSO.


Os acontecimentos tombam como moscas sobre a minha mesa:

z...z...z...z...z...z...z...z...

De junto a mim, 

- len-ta-men-te -

A Presença Invisível afasta-se

Deixando

Um rastro

De silêncio...

A página aguarda

O Poeta aguarda, mudo...

Em vão!

(O limite do poema é uma página em branco).

(Baú de Espantos, p. 92)



Cabe ao artífice da palavra, porém, como sempre fez ao longo dos séculos, perseverar na transposição de imagens e sensações para o universo escrito, poético ou não.

Há que se perceber o fato, mas não só ele.

Quintana assevera que “o fato é um aspecto secundário da realidade” (Caderno H, p.124). Devemos buscar a realidade, digo eu. Será isto possível?

O porquê dos olhos lacrimosos de Eunice? O poeta não saberá qual o motivo daquelas lágrimas. Construirá sobre elas um quadro cheio de sonoridades, ritmo, cor, talvez rima, para fixar o momento através da palavra escrita. Ele estará criando, neste instante, sobre uma realidade por ele imaginada. Uma realidade com cheiro de adivinhação. Isso dá ao poeta possibilidade de voos próprios de seu fazer literário.

Quando, porém, o olhar choroso é de uma criança em meio aos destroços de uma guerra insana, o fato não permite realidades imaginárias. A realidade está colada ao fato. Ao poeta caberá poetar sobre a realidade da guerra, por todos os aspectos, abominável. E todo o arsenal poético será trazido à tona sob a forma de figuras de linguagem e figuras de pensamento. Tudo para fazer menos dramático, se isso é possível, o olhar de desespero ou o rosto marcado pela tragédia da guerra. 

Porém, nem sempre acontece assim.

Quintana já alertava em O BERÇO E O TERREMOTO:

“Os versos, em geral, são versos de embalar, como eu às vezes os tenho feito, não sei se por simples complacência... ou pura piedade.

Contudo, os verdadeiros versos não são para embalar – mas para abalar. 

Mesmo a mais simples canção, quando a canta um Garcia Lorca, desperta-te a alma para um mundo de espanto”. 

(Caderno H, p. 125) 


Eu diria que os verdadeiros versos abalam sempre. Sejam eles cheios de lirismo ingênuo, quase infantil, pois esses calam fundo em quem os lê com a alma ainda de criança, que deve existir em cada um de nós. Ou, também, aqueles outros versos que fustigam os senhores das guerras. Senhores dissimulados em ideologias de todos os matizes, em fanatismo religioso, em etnias marcadas pela história dos tempos, em interesses econômicos devastadores ou até na pura ganância, própria do gênero humano.

Exemplos de versos tão abrangentes foram escritos por Carlos Drummond de Andrade que, usando da figura de repetição, que é a linguagem da emoção, reforça, pela reiteração, o horror da “bomba”. Uma ameaça latente que paira sobre todos nós. O poeta, hoje, provavelmente, acrescentaria mais algumas nacionalidades na enumeração que faz dos centros de poder.

Acredito, porém, que manteria os últimos versos desse famoso poema A BOMBA, transcrito abaixo. Tinha ele esperança de que o homem liquidaria com a bomba, não permitindo que houvesse a destruição da vida. Da vida no Planeta, acrescentaria eu.

Tal qual Vinícius de Moraes, que poetou sobre a devastação de cidades japonesas ao escrever A ROSA DE HIROSHIMA, poesia ao fim transcrita, que se tornou uma canção musicada por Gerson Conrad, também esta criação poética, que denunciou aquela tragédia atômica, abalou profundamente todos aqueles que a leram ou que a ouviram, já musicada.

Poesia, sim, serve para descrever o que de pior pode o ser humano criar: um artefato de extermínio em massa.

A Poesia nem sempre consegue, como afirmei inicialmente, devolver ao leitor uma visão bonita, iluminada, mais pura desse mundo.

Na maioria das vezes, faz-se necessário devolver a imagem em toda a sua monstruosidade, sem retoques, para que a poesia se afirme também como uma arte transformadora: com mais ou menos lirismo. Uma arte que denuncia, alerta, mas, sobretudo, aposta no ser humano como último guardião do Planeta.

O lirismo superou a realidade em A BOMBA de Quintana.

Nos dias atuais, precisamos de vozes capazes de nos fazer despertar, sem deixar que o sonho nos desabite.

Precisamos, como Quintana, enxergar um céu azul que sorri para quem ainda sobrevive em meio a tanta tragédia.



Receita perfeita para a paz dá-nos o reconhecido compositor gaúcho João Chagas Leite, em sua canção SEIVA DE VIDA E PAZ, quando seus últimos versos assim terminam:


Se os senhores da guerra

Mateassem ao pé do fogo,

Deixando o ódio pra trás,

Antes de lavar a erva, 

O mundo estaria em paz!






A Bomba - Carlos Drummond de Andrade



A Rosa de Hiroshima -Vinícius de Moraes



Seiva de Vida e Paz – João Chagas Leite (cantor) 






quinta-feira, 17 de julho de 2014

BICAR? FOI IMPOSSÍVEL!



Ela chegou inteira, maciça, redonda, não apropriada para consumo imediato. Para consumi-la seria necessário romper a casca aos poucos. De preferência que já fosse servida com algum corte, por pequeno que fosse, que possibilitasse tocá-la internamente. Ela, porém, estava fechada, coesa e não tinha chegado até ali por acaso.

Por outro lado, o seu anfitrião, coitado, estava mais para pulos curtos contra as grades da gaiola do que voos mais habilidosos e cheios de arte, como sempre tivera, que lhe possibilitassem atingir o adversário de forma certeira.

E olha que, entre as frutas, a laranja é uma de suas preferidas. A orientação de quem o conhece é que lhe facilite o consumo, cortando-a em pedaços ou, pelo menos, criando alguma brecha na casca para que se inicie aquela lauta refeição. 

O sobrevoo, para reconhecimento, não aconteceu.

A grama, pelas laterais, passou a ser seu habitat. Adentrar no meio daquele estonteante carrossel não motivou o anfitrião. O medo já se instalara e a esperança era, pelo menos, não atingir o fatídico escore anterior. Isso já estaria de bom tamanho. Aliás, grandes voos não pertencem ao seu estilo, mas não voar também foi demais. Afinal, dirão alguns, não são aves predadoras. São, isso sim, aves canoras, reconhecidas pela beleza da plumagem, que inspiram até poesia para quem as admira. Há uma quadra de Fernando Pessoa, entre tantas quadras ao gosto popular por ele escritas, que diz:

“O canário já não canta.

Não canta o canário já. 

Aquilo que em ti me encanta

Talvez não me encantará.”

Quadras ao Gosto Popular, Fernando Pessoa.

(Texto estabelecido e prefaciado por Georg Rudolf Lind e Jacinto do Prado Coelho), Lisboa.



Talvez se o encontro se desse com aquele seu parente que se sente dono dos campos daqui do Rio Grande do Sul, aquele que é matreiro no ludibriar qualquer predador que se aproxime, fingindo ter o ninho onde existe ninho algum, o resultado tivesse sido outro.

O certo é que para permanecer sendo o que é, e sempre foi, uma bela ave, de voo curto, mas de grande plasticidade, que esbanja arte na postura e no desempenho ao voar, teria que ter apresentado todo esse desempenho durante o tempo regulamentar ou, pelo menos, durante os acréscimos. Isso, porém, infelizmente, não aconteceu.

O seu reconhecido voo, em grupo, teria feito a diferença. Antes tão habilidosos, não souberam, desta vez, pegar carona naquele carrossel, já tão freguês.

Foi triste de ver o tempo escoando-se e nenhuma bicada sendo possível dar, para amenizar a derrota avassaladora, anteriormente sofrida.

A laranja saiu intacta, redonda, que nem um carrossel, girando coletivamente, simultaneamente, em movimentos giratórios que acabaram por atordoar os pobres adversários, deixando as aves sem rumo, completamente perdidas.

Teme-se que a exemplo do Fuleco, que estava em processo de extinção, e que acabou por sumir, segundo informações que circulam, que também os canários acabem diminuindo em número.

Há quem tenha sugerido colocá-los, definitivamente, engaiolados, para que sobrem, pelo menos, alguns da espécie.

Acho até que eles já estão aguardando isto. Pelo menos, receberão de seus cuidadores laranjas já em pedaços, o que possibilitará a continuidade da espécie.

Notícias mais recentes, porém, dão conta de que um pequeno ser, muito antigo e reconhecido pelas crianças por ser muito brincalhão, porém de fala pouca ou inexistente, segundo alguns, está sendo trazido para resolver o problema. Às vezes, é claro, basta um olhar para as coisas se ajeitarem, nem precisando falar. Será? A ideia é libertar todos do cativeiro e, soltando-os, possibilitar que recobrem a antiga desenvoltura: o voo que sempre a todos encantou.

O prazo já está definido para que isso aconteça. Serão quatro anos. Até lá, o gostinho de laranja lembrado é o dos distantes anos de 1994 e 1998.



Desta vez, foi impossível dar uma bicadinha. Os canários ficaram no “hora veja”. Que pena!

Quem sabe da próxima vez?



Agora, há quem diga que o outro, o tal Dunga da Vila Isabel, já anunciava, no samba Cuidado com o Bote, que cobra com fome come até o filhote.

Temos fome de gols, somos cobras quando se trata de futebol, mas, por favor, não exageremos. Vamos dar oportunidades a todos aqueles garotos que se habilitem às diversas posições dentro de uma equipe. Precisamos iniciar um trabalho de base, como fizeram os alemães com seus jovens. Um trabalho educativo com aulas regulares que os tornem cidadãos com instrução e que, no turno inverso, recebam treinamento adequado para o esporte que escolheram. Tudo acompanhado por um trabalho que persevere na busca da competência, com a consequente excelência dos quadros que irão se formando. O espírito do coletivo, do respeito, da solidariedade, da dedicação, do trabalho constante e da disciplina serão qualidades a serem conquistadas com o tempo. E isto fará toda a diferença. Daí, sim, teremos uma equipe, aos moldes modernos, pronta para competir e apresentar, com certeza, aquele futebol/arte de que estamos já tão saudosos. 

Daí, sim, vamos sobrevoar, reconhecendo o terreno, e aterrissar, no momento exato, no fundo das redes adversárias.



Vamos lá, Brasil!












quarta-feira, 9 de julho de 2014

E AGORA, TATU?




Pinçando versos, aleatoriamente, do poema E AGORA, JOSÉ? do grande poeta Carlos Drummond de Andrade:




E agora, Tatu?

A festa acabou. 

A luz apagou.

O povo sumiu.

A noite esfriou.

E agora, Tatu?



Que escolha!

Ele se parece com uma bola e esta espécie está severamente ameaçada em Minas Gerais e vulnerável no Pará. Está enquadrada no grau de Vulnerabilidade pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Corre, portanto, alto risco de extinção em médio prazo.

A intenção, quando da escolha, era chamar a atenção de governantes para a necessidade de conservação da espécie. Isso de acordo com a ONG, Associação da Caatinga, que lançou, em 2011, campanha para que essa espécie, o tatu-bola, se tornasse a mascote da Copa do Mundo de 2014.

A campanha foi exitosa e seguiu-se a escolha do nome entre os três lançados, a saber: Amijubi, Zuzeco e Fuleco.

Venceu o nome Fuleco que é a combinação das palavras futebol e ecologia. Tudo muito apropriado ao evento e às necessidades da Associação da Caatinga que visa à preservação deste animal em extinção no Cerrado e na própria região da Caatinga.

Ao que se sabe, essa espécie é a menor e a menos conhecida no Brasil. Propuseram, inclusive, um desafio à Fifa e ao governo brasileiro. Durante a Copa do Mundo no Brasil, a cada gol marcado transformar-se-iam mil hectares de caatinga em área protegida. A ideia da Associação era ambiciosa, mas perfeitamente factível, considerando a força da Seleção Brasileira, incontestada por jogadores e comissão técnica. 

Pelo visto a Seleção Brasileira contribuiu com a sua parte, sofrendo sete gols em prol da preservação do tatu-bola.

Não se sabe se o desafio foi aceito por ambas as partes. Acredita-se que o coitado do tatu-bola selou o seu destino, agora, de total extinção.

O tatu-bola não foi decididamente uma boa escolha. 

Um animalzinho pequeno, de aproximadamente 50cm e 1kg e 200g, que tem como principal característica a capacidade de se fechar na forma de uma bola ao se sentir ameaçado, tornando-se vulnerável ao ataque de qualquer predador. Não possui dentes, possui unhas que não atacam, não escava buracos e utiliza tocas abandonadas como esconderijo. Segundo Monteiro Lobato, quando da escolha do tatu para fazer dupla com o seu Jeca, o famoso personagem Jeca Tatu, o danado do tatu era um “bichinho feio, magruço, arisco e desconfiado”. E um fazedor de estragos nas roças de milho. É o que conta a biografia desse conhecido escritor. Isso, porém, já é outra história.

Voltemos ao tatu.

O bicho escolhido não foi feito para ataque, nem para defesa. O que sabe muito bem é enrolar-se e travar.

E foi o que se viu. Os tatus travados, sem observar as distâncias abissais que existiam entre si, pois nem estavam a enxergar. Estavam escondidos dentro daquela maldita carapaça. Ela só atrapalhou. Ninguém enxergava coisa alguma, nem sabia para onde ia.

E a Alemanha? Livre, leve e solta.

Aliás, Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, deixou escrito:

“Não existe vento favorável para aquele que não sabe para onde vai.”

Na verdade, essa falta de avanços estratégicos e uma flagrante desorganização em campo já eram observadas desde o início da competição.

E aquele que ousou voar como um filhote de borboleta, no jogo anterior contra a Colômbia, saiu lesionado com tal gravidade que não pôde mais retornar ao certame.

É! A escolha de um tatu-bola como mascote não foi uma boa ideia.



Brincadeiras à parte, o que faltou então? Faltou TUDO, praticamente.

Há que se reverem os tópicos de planejamento, de organização, de trabalho técnico e tático, de busca pela excelência do coletivo em detrimento do individual, de disciplina, de humildade e de respeito para com todos os adversários. Se algum talento individual sobressair-se, que bom! Isso, porém, não é o principal. O importante é a segurança que o jogador deve sentir na equipe em que joga. Se assim acontecer, a psicóloga pode ser dispensada. A sua presença é importante quando estão esses jogadores ainda em formação. Depois de formados, com experiência e tendo a certeza dos caminhos que deverão trilhar para levá-los ao sucesso, ela poderá permanecer apenas para casos pontuais, se houver. E não o que ocorreu: uma equipe inteira fragilizada desde o início da competição.

Nem o hino cantado à capela foi capaz de levar à frente a Seleção Brasileira. É preciso bem mais que isso.

É preciso estar seguro da sua capacidade e de como fazê-la mostrar-se, no momento necessário, na hora da finalização em gol, tendo havido, anteriormente, um longo trabalho de preparação, treinamento à exaustão, estratégias e alternativas, detidamente estudadas, e um espírito do coletivo como valor maior da equipe. Ou não é para isso que se formam equipes? Não existe equipe formada por um ou dois jogadores.

Quem leva sete (7) gols em uma semifinal, numa Copa do Mundo, não possui equipe. Comprovou-se que tudo o que a Equipe Alemã possuía, faltou ao grupo escolhido para representar o Brasil nesta Copa.



Ah! Ia esquecendo!

O tatu-bola está absolvido por falta de provas. 

Assistam ao vídeo que segue e vejam se o coitado do tatu tem culpa de alguma coisa!







Eu Já Sabia – Música Tema da Copa do Mundo 2014









sexta-feira, 4 de julho de 2014

SERÁ?


Nos primórdios da China Antiga, lá por volta de 3000 a.C., estudiosos afirmam que militares chineses praticavam uma espécie de jogo. Macabro, diga-se de passagem. O divertimento era chutar a cabeça dos soldados inimigos abatidos durante o confronto.

Daí, a coisa evoluiu e passaram a confeccionar bolas de couro. Claro, para não perder a graça de todo, continuavam a usar cabelo para revestir as tais bolas. Provavelmente, o cabelo seria aquele retirado da cabeça dos vencidos.

No Antigo Japão, esse jogo com a bola começou a tornar-se mais parecido com o futebol atual. Estabeleceram-se regras e a bola já era feita de fibras de bambu.

Quando os romanos chegaram à Grécia, lá já existia o jogo chamado Episkiros. Os jogadores continuavam sendo militares e a bola era uma bexiga de boi cheia de areia ou terra. A violência, porém, continuava a existir. Agora, já entre os próprios jogadores. Há relatos de que, na Idade Média, os jogadores, ainda militares, dividiam-se em defensores e atacantes, num jogo chamado Soule ou Harpastum. Nessas partidas, aconteciam mortes de alguns jogadores, dado o grau de agressividade da contenda ocasionado por problemas extracampo, questões de cunho social em que mergulhava a sociedade medieval.

Nessa evolução, surgiu, na Itália Medieval, um jogo chamado gioco del calcio. A violência, porém, perdurava igualmente entre os jogadores a tal ponto que se estabeleceram regras mais rígidas com a presença de, pasmem, 12 juízes, para que as mesmas fossem cumpridas.

Lentamente, com o passar dos tempos, os povos foram se civilizando e transformando o jogo de futebol em algo organizado e sistematizado. Assim, o gioco del calcio chegou à Inglaterra por volta do século XVII, vindo da Itália.

A partir dessa época, foi criado todo o regramento até hoje conhecido, passando-se a usar uma bola, já de couro, enchida com ar. Aos poucos, foi-se popularizando o futebol. Em 1888, fundou-se a Football League que visava organizar e difundir torneios e campeonatos internacionais. E a tão conhecida FIFA teve sua criação efetivada em 1904. Cabe a ela a organização dos grandes campeonatos de Seleções (Copa do Mundo) e de clubes ao redor do mundo (Libertadores da América, Liga dos Campeões da Europa, etc.).

No Brasil, o futebol foi introduzido, afirmam alguns, pelo paulista Charles Miller que, ainda criança, viajou à Inglaterra para estudar. Retornando posteriormente ao Brasil, em 1894, trouxe consigo a primeira bola de futebol e as regras para jogá-lo.

Já o pesquisador da História do Futebol, Paulo Goulart, informa que, bem antes, em 1878, o religioso jesuíta José Maria Mantero trouxe da França um compêndio que descrevia 80 jogos praticados em escolas jesuítas no mundo todo. E o primeiro jogo a ser descrito era o “Ballon au Camp” ou Bola no Campo.

Corroborando essa informação, o historiador da PUC-Campinas, José Moraes Neto, diz:

“O futebol associação, o campo regulamentar, o 11 contra 11, isso tudo vem com o Charles Miller mesmo, não tem como negar”. “Mas o jogo em si, a bola, a disseminação em escolas, nas fábricas, isso é anterior a ele”.



E hoje? Será que as regras em campo persistem?

A bola chutada é a cabeça do adversário já abatido? Não, claro que não mais! Não sei, não! Às vezes, assalta-me uma dúvida.

O futebol não estará sofrendo aquilo que as civilizações atingem, mais dia menos dia, um apogeu e um declínio posterior?

Quando o futebol/arte cede ao futebol/técnica, e esse esbarra em equipes igualmente de alta capacidade técnica, o que resolve, para que a bola atinja a rede adversária, é afastar o obstáculo, de qualquer maneira. As formas podem ser diversas, desde a mordida, a pisada intencional, o golpe mais pra judô do que futebol, até a derrubada do oponente com sérias consequências para a sua integridade física. Todo o cuidado é pouco! Não podemos retornar aos tempos da Idade Média onde havia mortes durante as contendas. A violência era tanta, à época, que para os 27 jogadores por equipe, havia 12 juízes para vigiá-los. Quem sabe a gente adota a marca de sete juízes (um em campo e três para cada lado do campo)? 

Será que isso resolverá? Não, não resolverá.

O que se tem a fazer é civilizar-se. Ter em mente que o futebol é um esporte que traz alegria e divertimento para milhões de pessoas. Não estamos mais numa arena romana, onde seres humanos eram entregues aos leões famintos. O espetáculo deve ser bem outro. Toda a tecnologia que nos permite visualizar, em instantes, se a bola adentrou à linha do gol, também nos dá detalhes de ações deliberadamente mortais contra colegas de profissão. Pois, hoje, ser jogador tornou-se uma profissão. Aquela profissão que deve trazer momentos de alegria e de encantamento com o time do coração. Claro que, também, nos ensina a encarar a frustração da derrota que pode ser aprendida, gratuitamente, toda a vez que o nosso time perder.

Agora, se ficar muito difícil, consulte uma psicóloga. Faça análise!

Veja o que é possível fazer para compensar sua frustração com o futebol.

Garanto-lhe que as opções são várias.

Por favor, será que voltaremos à Idade Média?

Será que estamos em plena decadência civilizacional?

Será que o nosso futebol/arte não mais existe?

Será que a plasticidade cedeu lugar à barbárie?

Acho que, sinceramente, não somos mais únicos e imbatíveis nesse chamado futebol/arte. O negócio é continuar se aperfeiçoando e criando dribles nunca dantes conhecidos neste país. Isso é que trará beleza ao futebol. Aquele jogador que desestabiliza o oponente pela surpresa, pelo voleio que termina num “carrinho” que leva a “brazuca” a se aninhar naquele cantinho inesperado da rede. Isso é o que encanta, é o que inova, surpreende e acrescenta qualidade ao esporte. Com certeza, todos com ele envolvidos sairão beneficiados. 

Será que passamos pela gloriosa Alemanha?

Será?







Tatu Bom de Bola - Arlindo Cruz 


Rumo à Copa – Arlindo Cruz cria samba para decorar os grupos da Copa do Mundo