quarta-feira, 3 de março de 2021

VENTOS... VENTANIA...


Parece que veio para ficar. Veio para espantar o mal que a todos nós está atingindo. Veio derrubando até árvores.

Coitada da Belinha!

Tão franzina que é, tem tido cuidado redobrado em suas caminhadas. Às vezes, parece ser levada pela força desses ventos, um tanto quanto estranhos para um verão que se imaginava como os anteriores. Nada, porém, tem similitude com os anos que inauguraram este novo século.

De repente, estes ventos do verão tornaram-se tão fortes, tão constantes que parecem querer mostrar a sua força invadindo nossos ouvidos, levantando nossas saias e nos surpreendendo, mesmo quando, segundo as previsões, não haveria tal ventania.

Belinha, que não gosta de vento, anda meio chateada.

Acredita que “este senhor” veio dar a sua contribuição nesta fase de tantos vírus soltos pelo ar. Afinal, ele tem feito o possível para levar para bem longe, para todos os quadrantes, essas invisíveis partículas, tão maléficas, que navegam por entre todos nós.

Belinha acredita que as árvores não apreciem estes ventos. Viver na calmaria, sob sol e chuva, é bem mais gostoso.

Até os passarinhos recolhem-se diante de tão fortes ventos.

Ser surpreendida por uma lufada de vento até pode ser algo romântico.

Sem se aperceber, pode alguém, que estava próximo, alcançar a echarpe que caíra com a força do vento.

Aquele olhar fixar-se no seu e daí...

Quem sabe... Um novo amor acontecer.

Agora, muitas vezes, prenuncia fortes chuvas.

Outras, uma simples lufada de vento pode enfeitar uma calçada com as flores caídas daquela cerejeira.

Quem num barco encontrar-se também ficará com medo da fúria de um vento sobre as águas.

Agora, um ventinho sereno até auxilia o voejar daqueles belos pássaros que nos visitam diariamente.

E esses ventos são imprevisíveis. Aliás, como todas as alterações climáticas que se sucedem ao longo de um dia.

Belinha não vê mais constância previsível neste nosso “novo normal”.

Ventos e ventanias oferecem espetáculos que nos deixam preocupados.

Quando é apenas uma lufada só nos causa surpresa. Talvez, nos cause um pequeno desequilíbrio. Nada muito comprometedor.

Agora, houve uma cena que Belinha acabou de lembrar-se.

Em uma “live”, onde acontecia uma assembleia, Belinha deparou-se com uma cena que associou a uma pequena lufada de vento. Uma das participantes, provavelmente muito cansada, “desequilibrou-se”, sentada no sofá da sala, e caiu adormecida.

Uma lufada que, em trânsito pela rua, apenas teria balançado seu corpo.

Desta vez, porém, a tal lufada foi fatal.

Acho até que havia uma janela aberta por onde ela entrou.

Quem?

Ela, a lufada de vento.

Amigos!

Cuidemo-nos dos ventos, ventanias e das lufadas.

Agora, aquele ventinho que sacode a cortina...





Ah! Este ventinho veio em boa hora!

 

 

 

 

 

 

 


domingo, 14 de fevereiro de 2021

APENAS UMA NOVA ROUPAGEM



O tempo muda em qualquer tempo. Não somos os responsáveis por essas mudanças.

A Natureza, a que estamos submetidos, é aquela personagem que muda a vestimenta do céu que nos cobre. E é bom que assim seja, pois se em nossas mãos estivesse essa capacidade, talvez, fôssemos manipulados por aqueles que dominassem esse poder.

Exatamente como ocorre com o foco das notícias que invadem nossos lares.

Recebemos, passivamente, uma avalanche de imagens em que são expostas todas as fragilidades humanas, os efeitos deletérios de atos que comprometem a vida em sociedade, que contribuem para um cotidiano desafiador no sentido de que não se repitam ações discriminatórias, desabonatórias, de atitudes que subvertem os bons valores, aqueles que nos dignificam como seres humanos.

Tudo isto é apresentado, reiteradamente, em detalhes com as cores da notícia filmada, fotografada, veiculada em whats.

Dissimulação, traição, desvios de bens, valores e condutas são uma constante em nosso noticiário. Afinal, a notícia existe para ser divulgada, cabendo a quem detém essa atividade fazê-la chegar, em detalhes, aos ouvintes, leitores ou telespectadores.

Agora, o que causa indignação é que se criem programas onde esses comportamentos sejam rotulados de entretenimento.

Assistir reality shows é querer redimensionar, vestindo com roupagem de espetáculo, o que deveria ser abominado e, jamais, apresentado como divertimento.

Sem entrarmos na esfera dos filmes com cenas violentas, sugeridos como diversão, porque a realidade cinematográfica prende-se, no momento, também, ao que o cotidiano apresenta de perverso, os reality shows trazem, igualmente, altas doses de comportamentos reveladores da índole malévola de seus participantes.

Seria isto entretenimento?

Ou será que a mesma matéria dos noticiários é, sob nova roupagem, apresentada como entretenimento?

Será que perdemos o bom senso de buscar aquilo que se sobreponha aos malfeitos diários e apenas nos divertimos com o digladiar de oponentes, numa “batalha” pela supremacia de um sobre o outro?

Ou será que isto está nos sendo imposto, pois se verificou que perdemos a emoção pelo belo, pela imagem que transmite paz, pela empatia com o nosso semelhante que nem mais observamos?

Ah! Até o próprio ritmo e letras, que dizem ser música, são apresentados por indivíduos de dentro de automóveis e captados por celulares que, também, registram, por vezes, a exposição de armas como símbolo de poder.

É, porém, ainda um alento ver algumas poucas emissoras reservarem seus espaços, não apenas para as notícias diárias, mas, também, para a cultura.

Entrevistas com educadores, filósofos, bem como outros profissionais, que oportunizam diálogos que nos fazem refletir, contribuindo, dessa forma, com o desenvolvimento da cultura em nossa sociedade.

Senhores, somente a EDUCAÇÃO poderá nos retirar desse atoleiro em que nos encontramos.

Ela é capaz de alavancar nossa sociedade no sentido de que nos tornemos melhores cidadãos, mais exigentes, mais perceptivos, mais seletivos e muito mais ordeiros, éticos e admiradores de programas que nos elevem e nos motivem a, cada vez mais, tornarmos realidade a nossa evolução na escala do bom cidadão. Esta “reality” entre nós e aqueles que conosco convivem, sim, valerá a pena ser desfrutada.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 7 de fevereiro de 2021

CORES... E MAIS CORES...



Abrir grades e janelas.

Estender o olhar para além do horizonte.

Repousar braços no parapeito da janela que se oferece, pois saudosa desse movimento tão comum em dias passados.

Sentir a brisa que acaricia um rosto carente de afago.

Seguir com o olhar o voo dos passarinhos e sentir-se pronto para voar junto, imaginando-se companheiro dessas jornadas desconhecidas.

Para onde irão? Quando voltarão?

Seguirão algum rumo definido? Ou o acaso servirá de rumo?

Os sons do amanhecer serão parceiros desse olhar humano que a tudo observa.

E as cores que o céu oferece, naquele instante, serão definitivas durante aquele dia?

Claro que não!

As cores com as quais somos brindados, ao longo do dia, modificar-se-ão a todo o instante.

Ah! As cores!

Aqueles azuis límpidos, junto aos brancos, formando figuras inspiradoras. Vez por outra, alguns cinzas surgem do nada descolorindo o cenário.

Estes, por seu turno, criam formas que alimentam nossa imaginação, acrescentando possibilidades diversas ao conjunto do espetáculo.

Sim, porque é um espetáculo imaginarmos o poder da Natureza que nos cerca.

Os azuis, brancos e cinzas que nos cobrem, assim como o negro e luminoso, visível à noite, sucedem-se dia após dia, noite após noite.

E o rei Sol, com seu amarelo, que nos transmite tanta energia.

As belas cores que nos cobrem e as que nos cercam são um colírio aos nossos olhos.

As cores são tão importantes aos humanos que os clubes de futebol têm, nas cores escolhidas, a coloração impressa em suas flâmulas.

É muito bom termos tantas opções!

Belinha acredita que os sonhos coloridos, que a acompanham, sejam produto desse encantamento com as cores do céu, das árvores, do mar e dos olhares que desfruta com os amigos que encontra pelo caminho.

Ah! E há muitos que são apenas atendentes, passantes ou motoristas cujos olhares também colorem sua caminhada.

O mais relevante, porém, é conscientizar-se da importância das cores que nos cercam e, para tanto, há que se refletir, em silêncio, sobre o efeito que nos causam.

No céu, elas mudam constantemente.

Cá embaixo, elas permanecem por mais tempo.

Aquele verde da plantinha, se for regada com frequência, permanecerá por bastante tempo verdinha.

É mais ou menos como a manifestação amorosa. Se for mantida com afeto e carinho, viverá por muito tempo.

Assim como o amor pelas cores de um clube, destacamos, aqui, o amor de Silvia Grecco para com Nikollas, seu filho adotivo e deficiente visual.

Antes de ser palmeirense é mãe extremosa e teve a viagem dela e seu filho até Doha, para assistirem a Final de Clubes, paga pela FIFA. Tudo isto devido ao reconhecimento e ao fato de ter sido ele o vencedor do prêmio O TORCEDOR DO ANO DA FIFA em 2019. O troféu foi recebido na Festa de Gala da FIFA, o FIFA THE BEST, no Teatro Alla Scala, em Milão, na Itália.

A crônica QUANDO O AMOR FAZ A DIFERENÇA, publicada em 07/10/19, traz, no final, um vídeo emocionante quando da entrega do título. Vale a pena assistir.

Pois é!

Desta vez, Belinha destaca o VERDE como a cor que representa o Brasil nos Jogos do Mundial de Clubes da FIFA em Doha, no Catar.

E, por acaso, esta é uma cor que Belinha gosta demais.

 

 

 Clique aqui para ler a crônica QUANDO O AMOR FAZ A DIFERENÇA.

 

 

 

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

OLHARES ILUMINADOS


Com olhos curiosos, que buscavam os movimentos constantes das nuvens, aquela menininha já se interessava por imagens que se desenhavam no céu de sua infância.


Na verdade, a visão do céu, de dia ou à noite, sempre revelou uma beleza ímpar àqueles olhos infantis.

Cenas propícias a uma imaginação que se alimentava de movimentos serenos e calmos de nuvens que seguiam, pouco a pouco, para não sei onde.

À noite, porém, sucediam-se momentos em que as estrelas, partícipes deste céu noturno, mostravam-se firmes, resplandecentes, sem o navegar das nuvens, mas com o brilho que tornava o olhar infantil bastante surpreso.

Por que algumas se aglomeravam e outras não?

Na sua ingenuidade, imaginava que aquelas tivessem brigado com estas outras agrupadas.

Reconhece, hoje, que todas elas serviram para que a imaginação fosse abastecida por perguntas, ainda sem respostas, que fizeram nascer uma capacidade de reflexão.

Um pouco mais tarde, descendo o olhar do céu para a terra, o que assistia na televisão eram filmes em que cenas violentas não existiam. Talvez, porque cenas desse tipo, à época, existissem em um número reduzido na sociedade.

Hoje, o nosso dia a dia é pautado por cenas violentas repassadas, exaustivamente, a um público que parece precisar rever, por incansáveis vezes, as mesmas cenas.

Um olhar infantil, nos tempos atuais, pousará em uma nuvem, ou na joaninha que se perdeu da planta, ou na formiga que carrega o alimento para a sua toca?

Será que uma máquina, que traz cenas com respostas já elaboradas e direcionadas, será capaz de possibilitar momentos em que o pensamento, próprio desse pequeno ser, possa dar asas a sua imaginação, preparando-o para um futuro ser pensante?

Sem querer, absolutamente, menosprezar a evolução tecnológica que nos cerca, e da qual necessitamos, mas os primeiros anos de uma vida devem ser resguardados para que o desenvolvimento do “pequeno ser” seja conectado com a natureza, com o ambiente que o cerca, com o outro ser, igual a si, que lhe serve de espelho, de fonte de afeto e de referência pelos valores que lhe podem ser repassados.

Seres humanos sempre serão seus pares pela vida afora.

Tudo em prol de que se consiga manter os olhos iluminados por imagens benéficas, que nos envolvam, tornando nossos dias mais amenos e nos capacitando a fazer escolhas de imagens livres de violência, repetidamente, veiculadas.

E como exemplo dessa possibilidade de que nos mantenhamos com o brilho do olhar sempre a nos maravilhar, segue um poema dedicado à neta Nicole.

 


 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

SÃO DOIS... SÃO TRÊS... SÃO MUITOS...


O que dizer quando ele entra e desaparece. Permanece, por lá, vários minutos. Talvez, uns dez minutos.

Há os que, lá dentro, dormem. Este, porém, não. Saiu com um saco, vazio, na mão e tentando retirar algo dos cabelos. Algum inseto, imagino.

Cenas que se repetem exaustivamente.

Lixeiras, quase sempre abertas, representam o retrato de uma comunidade que preza a limpeza?

São imagens espalhadas que atestam o grau de necessidade e de miserabilidade de seus “visitantes” e do destino reservado a elas hoje em dia.

Que falta nos faz uma educação, fornecida pelo Estado, obrigatória e de qualidade!

Quantas mentes e capacidades desperdiçadas!

Vê-los assim é o mesmo que observamos quando os cachorros, que os acompanham, chafurdam no meio de restos de comida.

Como podemos conviver com cenas dessa sordidez, é a pergunta que não quer calar.

Belinha, que caminha por entre trajetos assim descritos, acredita ser, ainda, possível a retomada de um rumo mais humano e qualificado por seres que transitam entre nós.

Nem o Sol, que acompanha Belinha em belas manhãs ensolaradas, é capaz de colorir, com sua luz benfazeja, tamanha podridão. Ali, sua luz não terá efeito benéfico sobre tais seres.

Cenas desoladoras de seres amontoados sobre calçadas, embaixo de marquises, na intempérie, são cada vez mais comuns, tornando-se corriqueiras.

Nem os próprios abrigos são mais suficientes para um acolhimento diário.

Somente através da educação formal é que se conseguirá sair desse atoleiro. Conforme as habilidades pessoais, apresentadas durante a educação básica, alguns serão direcionados a áreas técnicas de produção, de administração, de direção ou até mesmo a algum curso superior.

Assim como somos monitorados e sabem onde fomos almoçar, o que gostamos de comprar, quais os assuntos que mais nos interessam, pergunta-se:

Por que em uma comunidade não se faz o levantamento de quantas famílias ali moram, quantos filhos, em idade escolar, cada família possui, quantas pessoas da família trabalham, etc.?

O caminho seria a adoção de uma política educacional obrigatória, com turnos inversos para a realização dos temas e com almoço para aqueles que, em face de condições adversas da família, pudessem fazer sua refeição principal na escola.

Por que não?

Impostos não faltam.

A sociedade agradeceria.

Precisamos de seres capacitados para exercerem qualquer função que se ajuste a seus perfis.

O caminho passa pela organização da família, pelos bons valores cultivados e por uma educação pública de qualidade. E já a tivemos em tempos não tão distantes.

Acredito que, então, o Sol se sentirá bem recebido e espalhará sua luz sobre as calçadas do meu bairro, do seu bairro, possibilitando que nossos olhos se iluminem e possamos enxergar as flores dos jacarandás enfeitando nossos passeios.

Ah! Com educação até os nossos contêineres poderão readquirir a sua função única que é receber o lixo que lá depositamos.

Tudo em prol de uma cidade mais limpa, mais desenvolvida, mais civilizada, mais humana.

Almejamos que esses “muitos” tornem-se verdadeiros cidadãos. Que suas atividades e trabalhos possam contribuir na construção de uma sociedade mais igualitária e justa.