quarta-feira, 30 de junho de 2021

UMA SINGELA OBSERVAÇÃO


 

Perfilados ouvindo o hino pátrio. Lembranças de imagens e comportamentos que faziam parte de momentos importantes no decorrer de um ano. Coisas de tempos passados.

Desde a escola, passando pelo Desfile da Mocidade, os jovens eram partícipes de um civismo que reforçava as identidades pessoais daqueles que habitavam o torrão pátrio.

Hoje, ao que parece, cabe às competições esportivas o amor à Bandeira Nacional de cada país.

Nunca se viram tantas bandeiras nas mãos de tantas pessoas, nem tantos hinos cantados com emoção.

Ah! As camisetas com as cores das bandeiras nacionais são um apelo, também, para o civismo de torcedores e atletas.

Por que será que só o esporte desperta tal apelo cívico?

Talvez apenas a postura “de combate” é aquela que move a paixão pelo país. A luta para tornar-se vencedor é absorvida pelos torcedores que, nestes momentos, são levados a demonstrar civismo através do cobrir-se com a bandeira de seu país.

Poder-se-ia afirmar que apenas a demonstração visual de uma “luta”, para atingir uma conquista pelos pontos obtidos em desfavor do adversário, é o que desperta o amor pelo país?

E o conhecimento e a pesquisa, em diversas áreas científicas, daqueles “desconhecidos” que nem se sabe quem são?

Poderíamos afirmar, então, que somos seres agressivos por natureza. Ainda permanecemos em luta como no tempo das cavernas? Estaria apenas esta agressividade adormecida?

Se os esportes detêm esta capacidade de despertar, porém sem destruir fisicamente o adversário, então são bem-vindos.

Observando-se as competições esportivas, em todas as suas modalidades, chega-se à conclusão que o espírito cívico de amor à bandeira e à nação faz-se presente.

Apenas isso, porém, não é suficiente. Há regras a serem cumpridas em campo, expulsões por agressões, nitidamente provocadas, e outras tantas transgressões.

Todos, que assistem tais competições, aceitam estas regras.

E fora das quatro linhas?

Por que não as aceitar?

Há que voltarmos a uma educação que cultivava o amor à bandeira, ao hino nacional, à disciplina que formava adultos e futuros torcedores, bem como ao cultivo do espírito cívico em todos os momentos que se apresentem necessários.

Pois é! Não apenas nas competições esportivas.

A emoção do olhar voltado ao pavilhão nacional, o canto emocionado, em alto e bom som, do hino e a bandeira na qual se enrola o torcedor são imagens tocantes, pois revelam que os torcedores aguardam de suas equipes força, determinação, foco e disciplina nos certames que acontecem durante os Jogos da UEFA/EURO 2020.

A Eurocopa deixa-nos este legado.

As demais competições esportivas também são motivo para que as emoções despertem o civismo.

Isto já vale uma comemoração.

A pergunta que paira no ar é por que fora das quatro linhas de um campo, de um tablado ou de uma quadra, este amor ao país não é também cultuado.

Pelo menos, sua manifestação é rara hoje em dia em solo pátrio.

Por aqui, espera-se que nossa brasilidade se faça presente com mais intensidade e frequência.

A bandeira, que a todos nós representa, é motivo de orgulho e respeito a qualquer hora e em qualquer lugar.

Nossas emoções dão vida a um civismo adormecido.

Por isto, estão valendo os Jogos que acontecem em nível nacional e internacional. 






segunda-feira, 14 de junho de 2021

NO BALANÇO...


Naquele pátio cercado por árvores frutíferas, algumas eram mais apreciadas pela garotinha. Ela esticava o pescocinho para enxergar as mais altas, as que tinham as copas mais fechadas, pois lá devia esconder-se, quem sabe, algum animalzinho.

Quanta imaginação fazia parte daquele universo infantil que usava seu balanço para tentar dali descobrir algo que aguardava há tanto tempo. Existiria algo escondido por lá?

Como nunca gostou de movimentos bruscos e fortes, o balanço era tocado lentamente. Isto dificultava atingir uma altura maior que, talvez, a auxiliasse nesta empreitada.

Nunca se cansou de procurar, mas, um dia, o tempo esgotou-se para este tipo de divertimento.

O tempo é implacável conosco. Ou fazemos uso dele no tempo certo, nas melhores condições pessoais e laborais ou o descarte será inevitável.

E qual será o tempo certo?

Depende de cada indivíduo, bem como do conjunto de indivíduos que integram uma entidade ou instituição.

Aquela menininha ultrapassou vários momentos no tempo que se seguiu, depois que aquele divertimento cessou.

Permaneceu, porém, a sensação daquele convívio diário que lhe propicia, até hoje, a vontade e a curiosidade de saber o que existe por detrás ou entre as várias Copas que se sucederam e que, ainda, sobrevivem. Claro, essas, de agora, são outras Copas.

Parece que o tempo delas não se extingue. Talvez, porque sejamos nós que as criemos, assim como aquelas árvores do pátio da infância. Somos apenas meros criadores, à imagem e semelhança, sem, porém, sermos eternos.

Aliás, deveríamos exercer esta semelhança, o que nem sempre ocorre. Haja vista, as distorções e os exageros que estão a fazer parte das Copas que acontecem no momento.

Quantos interesses, de toda a espécie, fazem parte desses eventos.

No balanço do tempo, no passar das horas, no acompanhamento de notícias, talvez, nossa compreensão permaneça distorcida.

Aquela menininha de outrora espera que, desta vez, não se esgote o tempo para que o balanço final permita que enxerguemos o real propósito de tantas Copas acontecendo num momento tão crucial para a humanidade.

Seus participantes devem estar felizes porque, afinal, tudo é meio obscuro nas estruturas envolvidas em cada uma das Copas.

É! A menininha de ontem não conseguia enxergar o que de dentro daquela copa, de sua árvore preferida, poderia surgir repentinamente.

Agora, igualmente, todos os resultados são incertos e geram expectativa.

Que ao final, nossa imaginação permita que continuemos sonhando, ainda usando o tempo a nós concedido para que venhamos a compreender a relevância, a importância das Copas e do permanecer conectado com as imagens repassadas pelas telas que nos acompanham diuturnamente.

Ah! Não nos esqueçamos, também, dos Jogos Olímpicos. Parece que todas essas competições em conjunto trazem, em seu bojo, a necessidade de nos anestesiar diante de uma tragédia anunciada, representada por esta pandemia, segundo afirmações expostas em sites que circulam pelas redes sociais.

As Copas, de agora, bem mais distantes, bem mais densas, bem mais desafiadoras a nossa compreensão do que a copa daquela árvore do pátio da menininha de outrora.

Ah! O balanço, hoje, é outro, também. Será positivo? Terá valido a pena? 
 
A menininha confessa que prefere, ainda, aquele da sua infância. Sem solavancos, bem tranquilo.








domingo, 30 de maio de 2021

O QUE IMPORTA...

Não é o tamanho. Talvez, até nos cause surpresa, admiração e expresse alguma beleza. O que importa é se a nossa emoção, o nosso sentir foi tocado pela lembrança de algum momento em que aquela imagem fez parte de alguma cena em que éramos partícipes.

Uma “Super” Lua é uma lua grande que é admirada pela sua beleza por olhos humanos.

Aquela lua, porém, que se deitou junto ao casal, iluminando momentos cálidos, esta sim é a que importa, pois deixou um legado inesquecível de emoções.

O céu contém figuras integrantes do nosso dia, que nos levam a um convívio em que nossas emoções são, repetidamente, abastecidas pelas diferentes cores e luzes. E há cores, mesmo na escuridão da noite, pois estrelas brilham ou relâmpagos explodem.

O que importa é estarmos conectados com algo vivo.

Uma tela jamais expressará, através de uma foto, a emoção que nos atinge quando visualizamos a beleza vinda diretamente de um objeto ou daquilo que o céu nos proporciona diariamente.

Uma nuvem que baila com outras tantas, traçando desenhos ao sabor dos ventos, é algo bem diferente daquela outra nuvem que nos ameaça, por conta e risco de não sei quem, suprimir todas as fotos e diálogos que guardamos, com carinho, em nosso celular.

Que nuvem tirânica essa! Mais tirânicos são os que se usam dessa possibilidade para apagarem lembranças e imagens que suprem nosso interior afetivo.

Prefiro ficar com a primeira nuvem, pois, embora longe, serve como alimento para o sonhar, para o criar, para o suprir meu “eu” tão ávido por imagens que, em um dia ensolarado, navegam lentamente.

Na mesma medida de deslumbramento, as estrelas que cobrem o céu transmitem desenhos e luzes que iluminam nossas noites e nos oferecem um espetáculo que favorece a nossa imaginação a viajar segura e capaz de transpor, poeticamente, realidades desconhecidas pelos amantes da escrita.

O que importa não é o tamanho, nem a distância, mas a possibilidade de observarmos, através do olhar, estes momentos em que a Natureza se apresenta bela e acolhedora. O nosso olhar e a Natureza, ambos, formam a melhor parceria para mantermos nosso “eu” alimentado, pois somos todos seres vivos.

Temos, porém, o privilégio de sermos capazes de refletir. E isto nos diferencia e nos capacita a fazermos uma opção mais racional entre o visível no entorno de nós e o mostrado através de uma tela. Como informação, serve.

Para o nosso sentir, para as emoções que nos habitam, nada supera o observável a olho nu, durante um amanhecer, um entardecer ou, mesmo, durante a noite.

Aqui não se está falando de estudos científicos que exigem tecnologia de ponta para a verificação e acompanhamento de males que afligem a humanidade.

Estamos enfatizando apenas a importância do sentimento que é despertado por imagens da Natureza frente ao nosso olhar, numa simbiose enriquecedora.

Portanto, o que importa é que continuemos preservando a Natureza que nos cerca mais proximamente, bem como aquela outra, bem mais distante, não menos importante, que nos ilumina, nos aquece, nos comove pela beleza oferecida, diariamente.

E isso não tem preço, porque abastece o “eu” interior, contribuindo para o nosso equilíbrio físico, mental e emocional.

A criação literária vê-se contemplada através do fazer literário dos escritores e, em especial, dos poetas que encontram, na imaginação, terreno fértil para suas produções.

Não nos esqueçamos, porém, de que todos desfrutam desses momentos de descontração que propiciam encontros, afagos e parcerias.

E a lua?

Não precisa ser uma “Super” Lua para fazer sucesso. Basta existir, continuar nos oferecendo sua luz e sendo portadora de belas lembranças

Isso é o que importa.

O poema VELHA AMIGA, que segue, confirma sua importância como parceira em momentos alegres e tristes.

 

 


 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

SEMELHANÇAS...

Todos os dias pousava na mesma janela, na mesma hora. Por entre grades, acostumara-se a andar. De lá pra cá, daqui pra lá. A visita era diária. Após vários minutos, despedia-se com um até logo mais, sinalizado por um cantar conhecido.

Sua visita diária era como reconhecer-se importante, necessário e capaz de estreitar laços com não sei bem quem.

Este alguém sempre o observava e invejava este seu voejar diário. As grades não o impediam de achegar-se, sem medo, disposto a despejar ali seu mavioso canto.

Sim, grades não devem nos impedir de voar, pois voar em sonhos é também voar.

O que é o sonho? Um voo ao ainda desconhecido, mas desejado.

A observadora e seu visitante diário são semelhantes.

Um, capaz de voar graças as suas asas que o auxiliam a seguir em frente, voando em busca de alimento, parceria, refúgio.

A outra, capaz de enfrentar o cotidiano sempre em busca daquilo que a satisfaça. Por ser humana, seu capital genético é mais sofisticado. Daí, a possibilidade de voar, através da imaginação, a lugares desconhecidos, adentrando em seu próprio interior criativo e alimentando-se de emoções, prazeres e empatia com aqueles que, também, voam com esta capacidade: a que transcende os limites físicos que nos limitam.

Diante deste cenário, em que a Terra está sendo afetada por vilões vindos de todos os cantos, cabe a nossa imaginação criar redutos de refúgio onde, ainda, persista a esperança.

Como podemos salvaguardar nossa capacidade de sonhar?

Em nossas criativas reservas que se encontram resguardadas em nossa imaginação.

Portanto, imaginar é necessário, é preciso, é saudável. É o que nos permite voar em pensamento e usarmos a imaginação como veículo que nos leve a cenários mais reconfortantes.

Basta de cenas dilacerantes, de protagonistas desalmados, de indivíduos inescrupulosos, de cenas de barbárie.

A alienação não é o caminho desejado, mas há que se buscar um caminho que nos mantenha íntegros emocionalmente.

É preciso seguir o exemplo do pássaro da janela. Estreitar vínculos como forma de sentir-se necessário e capaz de modificar cenários reais pela imaginação que alimenta nossos sonhos e que nos faz voar até o próximo amanhecer. Tudo em prol da saúde que nos mantém vivos e partícipes de uma sociedade melhor para todos que a integram.

Inspire-se no passeio matinal do pássaro que não tem medo das grades. Elas não são obstáculo a quem busca, no pensamento, a reflexão necessária antes do voejar matutino.

Nada melhor do que um poema para expressar toda a importância de mantermos acesa a PAIXÃO, ela que alimenta nosso recomeço diário.

Claro, lembrando que somos bem mais do que aquele pássaro visitante, pois somos capazes de transpor quaisquer grades. Em especial, as internas que, muitas vezes, nos aprisionam.

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 9 de maio de 2021

NAVEGUE...

 


Pouse o olhar naquela nuvem.

Acompanhe o voo do bem-te-vi entre as árvores.

Siga a mão que oferece amparo. E a outra que pede...

Navegue entre as águas turvas que cobrem aquele arroio tão conhecido.

Procure não contaminar teu olhar com o que vê.

Procure o belo que se encontra no céu que carrega aquela nuvem.

Olhe para o alto!

Olhe para baixo, também, pois cuide para não pisar em falso e cair sobre a calçada imunda que macula o olhar.

Navegue, mesmo que solitariamente, num mar de incertezas.

Navegar é preciso. O navegar dá-nos a impressão que as águas nos ajudam a seguir em frente. O caminhar parece que, atualmente, está proibido. Navegar, porém, mantém nossos sonhos, expectativas, possibilidades, alternativas e desafios na esfera do plenamente possível, pois viver é preciso.

Como viver sem sonhos?

Nosso eu interior clama por construir caminhos que nos possibilitem seguir em frente.

Somos um e todos ao mesmo tempo.

Carecemos do olhar do outro.

Como subsistir individualmente?

Temos no convívio humano nossa sobrevivência psíquica frente aos dilemas do cotidiano.

Navegar é preciso. Não importam quais sejam as águas. Importa, sim, quem nos acompanhará nesta caminhada. O confinamento não serve a ninguém.

Que nossos olhos e mãos nos sirvam para olharmos o irmão e dar-nos as mãos em busca de soluções.

Troquemos as lágrimas de desalento por outras de satisfação e alegria pelos encontros nas esquinas deste caminhar cotidiano.

Navegue pelos pensamentos positivos, pois eles são muitos e, somente eles, levar-nos-ão ao encontro das respostas aos nossos anseios e questionamentos.

Abra a janela e navegue o olhar sobre o pomar do vizinho que encobre belezas que, antes, não te despertavam qualquer sensação.

Hoje, porém, recluso a quatro paredes, o olhar encontra alento numa beleza que sempre estivera ali.

Momentos negativos, que se somam, podem e devem ser banhados por ondas positivas que facilitem nosso navegar por águas tão turvas que nos cercam.

O brilho do Sol, mesmo em meio a nuvens, oferece a luz que nos anima, reconforta, regenera e alegra nossos momentos solitários em que o “eu” emerge e alimenta de sonhos nosso viver cotidiano.

Belinha, neste final de tarde, está reclusa, porém presente às energias que chegam até ela do Sol, pela janela, que lhe é oferecido, gratuitamente.

É a Natureza a nos acarinhar. Ela que é, também, nossa mãe.

Este Universo, ainda desconhecido, tem, nos astros que o integram, segredos que devemos admirar, pousando nosso olhar e abastecendo nosso “eu” com perguntas, indagações ou, simplesmente, com um puro êxtase tamanha a beleza que apresentam.

Neste Dia das Mães, nossa Terra e toda a Natureza que a compõe, devem ser homenageadas.

Agradeçamos a elas que nos oferecem guarida neste caminhar cotidiano.

De dentro de nossas casas, agora restritos, navegamos em pensamentos e percebemos a importância de construirmos juntos condições melhores à Natureza, considerando que todos nós dela dependemos para uma sobrevivência plena e saudável.

Ela é uma mãe que acaricia, mas que, também, impõe regras e limites para um convívio harmônico com todos os seres que habitam este planeta.

Este pequeno ponto no Universo merece, igualmente, nosso respeito e cuidado.

À Natureza, que o faz vivo e pleno, nosso agradecimento e saudação respeitosa neste Dia das Mães. Devolvamos a ela todo o carinho com que, um dia, nos acolheu.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 18 de abril de 2021

PONTOS, CURVAS, LADEIRAS



Quantas exclamações, quantas surpresas, quantas perguntas, quantas dúvidas, quantos pensamentos escondidos sob a soma de três pontos...

A curva é logo ali à direita. Há outra à esquerda. Qual seguir?

Uma levará à ladeira abaixo. Outra, a uma íngreme ladeira. Qual escolher?

Tudo se resume a definições de rumos a tomar-se.

Quando pequena, Belinha descia uma pequena ladeira e ia, à quitanda, comprar doces.

Muito feliz, voltava com os doces.

Bem mais tarde, descia e subia ladeiras, fazia curvas no trajeto que a levava à escola.

Em um momento, porém, que não esquece, as situações apresentadas levaram-na a confiar que aqueles três pontos tinham que desaparecer, fazendo nascer uma exclamação de alívio que culminou com a certeza que aquela curva, no trajeto da caminhada, tinha que ser assumida.

Dali em diante, tudo foi sendo construído com muito esforço, obstinação, surpresa e agradecimento.

Sabemos que a tomada de decisões se faz frente a alternativas. A experiência pessoal é um ingrediente importante nesta soma de possibilidades, bem como na escolha daquela que melhor se ajusta a cada indivíduo.

Conhecer a si e ao outro é uma constante tarefa que nos possibilita escolher, quem sabe, atalhos que nos levem ao destino desejado.

Será que se precisa de estudo para isso?

Precisa-se de observação, raciocínio, lucidez e vontade de alcançar o objetivo.

Precisa-se, com certeza, do outro, de outros e da fé que chegaremos onde almejamos.

O conhecimento, através do estudo, sem dúvida, fará diferença.

Dependendo do que se pretende alcançar, ele será um facilitador.

Todos, porém, independente das condições pessoais na escala social, têm possibilidade de abandonar aquela marquise onde têm morada.

Na crônica anterior a esta, deixamos a pergunta:

- Para que catadores?

Este, sem dúvida, é o primeiro degrau numa escala a ser assumida pelo morador da marquise. O degrau seguinte, para todos os que ainda estão chegando à fase adulta, é a educação pública de qualidade, fornecida pelo governante do momento, tornando-se esta atitude uma obrigação constitucional.

Como continuar convivendo com cenas deploráveis de seres humanos “chapados”, urinando junto aos contêineres, dormindo ao relento... Cabem, aqui, todas as reticências possíveis.

Para que servem as Constituições?

Para preservar e garantir direitos aos cidadãos. E todos nós, indistintamente, somos cidadãos.

O estudo obrigatório de qualidade, pelo menos no 1° Grau, e o Ensino Médio em alguma área técnica, entregaria à sociedade indivíduos aptos a várias atividades laborais.

E a percepção de que se tem capacidade para ser aproveitado em algum posto de trabalho geraria confiança e a autoestima nasceria de imediato.

Seria isto “sonhar”?

Creio, firmemente, que podemos voltar a este modelo, pois ele já esteve presente entre nós.

Não se constrói uma sociedade mais igualitária sem o comprometimento da sociedade como um todo: governantes e governados.

Temos que perceber que estamos em “derrocada”.

É hora de subirmos a ladeira do conhecimento e fazermos todas as curvas necessárias para que lá cheguemos.

Com certeza, lá, nos aguardará a exclamação de alívio:

- Conseguimos!

Estaremos iniciando um novo momento, que a todos beneficiará. E o resgate desses “cidadãos das marquises” será a vitória de nossa sociedade como um todo.

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 30 de março de 2021

QUE IMAGENS!


Aos olhos desta observadora, que ora escreve, esta exclamação causa desalento, tristeza e indignação.

Uma exclamação que, algumas décadas atrás, causaria encantamento, um toque de beleza ao conjunto do entorno.

Um gramado verde num jardim em que as hortênsias tinham um lugar privilegiado.

Uma praça próxima cujo verde era a cor que se destacava em meio a bancos.

Ao abrir-se a janela, a imagem oferecida era do céu, do jardim, da praça e das casas dos vizinhos mais próximos.

Não estávamos em um bairro nobre da cidade. Estávamos em uma vila: a Vila Ipiranga.

Por suas ruas destacava-se o calçamento muito bem assentado, a inexistência de depósitos de lixo e um sopro do vento matutino a brindar os passantes que se deslocavam desde o amanhecer.

Quando era o dia de resplandecer um brilho maior, o Sol aparecia despejando alegria a todos aqueles que o observavam.

Uma vila planejada pela reconhecida Urbanizadora Benno Mentz.

As ruas eram, periodicamente, visitadas por equipes enviadas pela Urbanizadora. O lixo era acondicionado em sacos pelos moradores e colocado em frente à residência. Equipes da Prefeitura recolhiam o lixo a cada três dias.

Que época!

Esta é uma exclamação de aplauso àquela época e seus gestores.

Com certeza, também, era uma época de reconhecimento à excelência de uma educação pública com reconhecidos e respeitados professores em todas as áreas de ensino.

E as imagens com as quais, hoje, somos brindados todas as manhãs?

Ao abrirem as janelas, muitos munícipes receberão o impacto de uma sujeira que já se instalou, definitivamente, em nosso dia a dia.

Ela revela o nível de educação e cultura que, atualmente, apresenta-se a quem se detém a observar estas imagens, tornadas corriqueiras.

Um equipamento que veio para auxiliar no trato com o lixo caseiro, mas que expõe sua inutilidade frente ao que se observa diariamente.

Há algum tempo, tínhamos a retirada desse lixo por equipes do DMLU. Tudo se resolvia de forma limpa e efetiva.

Hoje, todo o tipo de lixo é colocado nesses contêineres.

O que é coleta seletiva?

Para que equipes do DMLU continuam buscando o lixo seco ou inorgânico?

Pelo que se observa, tudo é despejado, por todos, nos contêineres.

Ah! E o melhor vem agora...

Há quem entre para dentro dos contêineres e de lá jogue para fora o que vai levar e, também, aquilo que, depois, desiste de levar, deixando tudo para fora do contêiner.

Estes contêineres são equipamentos para uso em comunidades afeitas ao cumprimento de práticas que visam à limpeza das ruas, bem como a um convívio saudável entre os seus moradores.

Ruas conhecidas, de bairros conhecidos, estão entregues à sujeira espalhada em torno desses equipamentos.

A minha Porto Alegre apresenta, hoje, uma imagem visível, por onde encontrarmos estes equipamentos, da sujeira depositada no seu entorno, que se espalha pela rua e, inclusive, pelas próprias calçadas.

Abrir uma janela de frente para a rua, ao amanhecer, é deparar-se com estas novas imagens que só trazem tristeza e desalento para os olhos de quem vê-se diante deste quadro.

A exclamação do título é de absoluta indignação e tristeza.

Neste aniversário de seus 149 anos, gostaria de relembrar um pequeno poema, inserido na crônica CONTINUA SORRINDO, publicada em 22/05/19, cujo título é DESEJO.



Que bom se pudéssemos voltar no tempo e o órgão competente, em dias programados, levaria o lixo seco e o orgânico, depositados pelos próprios moradores em frente às suas residências e retirados por diligentes funcionários, encaminhando tais resíduos para locais previamente adaptados ou construídos para a destinação final. Quem sabe, um dia, ainda possamos abrir a janela e mergulharmos o olhar na árvore que é visitada pelos passarinhos da região e colorirmos o olhar com as flores do jacarandá rosa que enfeitam a calçada, que mais lindas ainda parecem, sob o brilho do sol que banha tudo e todos.

Ou, quem sabe, consigamos, um dia, alcançar um grau de excelência na cultura do convívio em sociedade, onde regras sejam respeitadas.

Para que catadores?

As escolas públicas, nos moldes de décadas passadas, transformariam o futuro destino desses jovens a exercerem atividades mais produtivas, dignas, restabelecendo-se, dessa forma, a importância da educação nesse processo de socialização em prol da cultura de um povo.

Que possamos abrir as janelas e ver a árvore que nos brinda com seu verde, já iluminado pelos raios do Sol que passeiam por entre os seus ramos.

Será puro sonho?

Mario Quintana deixou escrito:

Viver é buscar nas pequenas coisas um grande motivo para ser feliz.

Então, iluminar nosso olhar com imagens, que nos transmitam beleza, paz e a expectativa de que cada amanhecer trará a promessa de um dia melhor para si e para os seus, é de grande valia para cada um de nós que abre a sua janela da casa, bem como aquela outra. Aquela que garante a nossa saúde física, mental e emocional ao cultivar boas imagens e bons pensamentos. Estas imagens, sim, merecem um sinal de exclamação que passa encantamento e esperança em cada amanhecer.