QUE PODER!
Um olhar brilhante e a confirmação do desejo acalentado. A expectativa e os cuidados que se seguem. As forças sacadas das entranhas e a lágrima que escorre, cheia de amor e já plena de afeto. Isso se chama poder. E que poder!
Esse é o poder verdadeiro. Aquele que gera, alimenta, cuida, protege, cria, educa, brinca, orienta, acompanha, abriga e mantém. Aquele que não adormece, quando se faz necessário. Aquele que ama, tolera e é, por vezes, indulgente, quando assim avalia ser possível.
Não se enganem porque também é um poder que cobra, que adverte, que pune, embora alicerçado no amor pela cria.
Sim, porque, no início, éramos mais crias a correr pelas hordas nômades. A evolução do Homem, porém, estabeleceu à mulher um papel agregador e cuidador, como características predominantes. Somaram-se a essas a sensibilidade, a emoção, a intuição, a cooperação e a solidariedade.
Saliente-se que esses valores pertencem a ambos os gêneros. Porém, coube a elas, por fatores históricos, serem aqueles seres que, por gênese e por circunstâncias, apresentaram esses elementos mais visíveis e atuantes.
A partir do surgimento da propriedade e do Estado, esses princípios começam a perder relevância, dando lugar à necessidade de força física para garantir espaço. E a transformação vai-se impondo e os princípios que passam a reger as sociedades já são de caráter mais masculino. Os mais fortes lutando pelo espaço conquistado e abrindo possibilidade para as primeiras lutas entre os humanos: as guerras pelo poder de mando e de exploração dos mais fracos.
Nesse sentido, a mulher foi perdendo espaço na sociedade como elemento atuante, agregador e de possível cooperação, visando a um fraterno convívio dos seus com os outros.
Aqui, porém, não interessa a caminhada da mulher. O que nos move é a caminhada da mulher/mãe.
Essa é a mesma desde os seus primórdios, pelo menos no que diz respeito ao amor, ao cuidado, ao aconchego junto a si, à proteção do ser oriundo das suas entranhas.
A História recente, e a não tão recente, tem nos mostrado exemplos de mães obstinadas, que jamais se esquecem de seus filhos. Continuam elas a buscar o destino final daqueles filhos que se foram de maneira inexplicável. Aqueles que sumiram. Também jazem aos pés deles, quando nada mais há a fazer. Continuam alimentando-os, quando nada mais há a oferecer. Continuam doando-se, quando ainda há uma possibilidade de mantê-lo vivo. Ou quando, por fim, sucumbem junto, diante da estupidez de qualquer guerra, sob qualquer fundamento.
Uma exortação às mães, para que se mantenham poderosas no ato de gerar e firmes nos seus princípios e valores, pois serão eles, somente eles, os únicos capazes de reconquistar para a Humanidade a capacidade de indignação e de uma consequente mudança de rumo. Princípios esses que, alicerçados no AMOR, poderão nos tirar do abismo em que estamos metidos.
Parabéns a todas as mães nesse Dia Especial.
P.S.:
Pena que, por vezes, esses princípios todos não são suficientes para estancar, nas crias, uma caudalosa cachoeira de malfeitos. E o poder, daí, passa a ser outro.
Pobres mães!
Miséria na África