POR QUE NÃO UM CONTRAPISO?
José, um conhecido pedreiro do bairro, sempre alertava para
a importância de um contrapiso. Lembro dele dizendo que, numa obra, qualquer
que fosse, o contrapiso era de grande importância. Ainda mais nos últimos
tempos em que aparecera o porcelanato, revestimento que exigia que o tal
contrapiso de concreto, no caso, estivesse dimensionado para as cargas a
suportar. E, ainda mais, com alguns tipos de porcelanato exigia-se a aplicação do contrapiso e a espera
por 28 dias de cura. E também, se possível, do aguardo de seis meses para a
execução do concreto.
Quer dizer, um negócio bem planejado e relativamente
demorado. Isso tudo para construções novas.
Por outro lado, em edificações antigas, o trabalho era ainda
mais cuidadoso. Havendo alguma imperfeição no contrapiso, seria necessário
demolir, refazer e curar novamente, aguardando-se um tempo razoável para o
efetivo assentamento do porcelanato.
E continuava ele acrescentando detalhes sobre a maneira
correta de construir um contrapiso, descendo a minúcias. Um trabalho a ser
feito por quem entende do riscado. Somente após este trabalho preparatório, com
uma base bem feita, é que o piso poderia ser assentado, finalmente.
Vejam, então, a importância de um contrapiso.
É verdade! Tudo na vida mede-se pela base em que as coisas
ou as pessoas se assentam. Uma base sólida é fundamental. Fica-se pensando nas
crianças e jovens que necessitam desse lastro para se desenvolverem bem. A
partir do instante em que necessitarem de uma educação formal, surgirá a figura
de um educador. As séries iniciais são de uma importância inquestionável. Seus
artífices estarão construindo um contrapiso para o que vier, posteriormente, a
se assentar. E o que vem após?
A sedimentação, dia a dia, mês a mês, ano a ano, do que for
sendo apre(e)ndido, compartilhado com o grupo e experienciado, individual e
coletivamente. E, novamente, a figura do educador dessa nova etapa será de
fundamental relevância.
Então, um piso sobreposto a um contrapiso, ambos capazes de
transformar um jovem em um adulto/cidadão, útil a si e à sociedade, digno representante
da raça humana.
Fica-se, então, a perguntar:
-Que piso é este?
-Por que não transformá-lo em um contrapiso?
Da seguinte forma: Para
as séries iniciais o tal valor. Para as demais um piso digno, numa proporção
compatível com a titulação do educador. Nesse caso, não falemos de valor
porque, com certeza, ainda estará abaixo do salário inicial de outros
profissionais, com títulos de doutores.
Então, tomemos como
contrapiso o ofertado, porque é o mínimo que um profissional de Nível Médio
deveria receber por ser um educador.
Agora, avaliemos o Edital nº 001/2012 da Empresa Pública de Transporte e Circulação, do Município de Porto Alegre, onde os cargos de nível
Fundamental e Médio têm como salário inicial os valores constantes do edital
abaixo transcrito, em parte.
Pois é!
O edital é justo, correto, digno.
Quanto à situação dos professores: é injusta, incorreta,
indigna.
Sem entrar em detalhes, e sem discorrer sobre os
dispositivos constitucionais que tratam da matéria no que diz respeito aos
recursos destinados à Educação, bem como os percentuais estabelecidos nos
orçamentos dos entes federados, o próprio Supremo Tribunal Federal já
determinou o que deve ser feito.
O que mais cabe?
Manter a esperança, a fé em Deus e, sobretudo, continuar
firme em busca do sonho acalentado de ver-se reconhecido e dignamente
remunerado pelo relevante serviço prestado à sociedade.
E tentar passar isso aos jovens, que estão a assistir tal
vilipêndio, tal ignomínia. Eles que não almejarão dedicar-se ao ensino. Eles que,
com certeza, não serão futuros professores.
Quem restará para essa tão nobre tarefa?
Em tempo:
Bah! Lembrei que...
Hoje em dia, uma parcela expressiva de professores do Ensino
Fundamental tem Especialização e até Mestrado.
Merecerão este contrapiso vergonhoso?
A peleia é por um piso digno.
Afinal, muitos já são titulados desde a sua atuação no
contrapiso das primeiras letras.
Letra da música: Luz e Vida – Chimarruts
Leia, também, trechos (Capítulo 5) do livro de Augusto Cury,
NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS.
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