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sábado, 15 de outubro de 2016

IMPOSSÍVEL UMA RECOMPENSA MELHOR!



O táxi parou. A passageira, que havia feito o sinal, abriu a porta e jogou-se no banco. Ao levantar o rosto para dizer boa-tarde ao motorista, este, virando-se para trás, disse surpreso:

- Professora Sonia!

Tomada de surpresa, a ex-professora sorriu e, ainda meio atônita, ouviu de seu ex-aluno a confirmação de que ele a reconhecera imediatamente após bater os olhos nela.

Ao identificar-se pelo nome, ela lembrou-se daquele nome e dos idos de 1975.

Puxa vida! E já estávamos em 2007. Acreditem! Trinta e dois anos tinham se passado. E isto não fora empecilho para o rápido reconhecimento. Uma emoção difícil de descrever foi a que se seguiu. Lembranças de momentos, de fatos acontecidos e vividos intensamente em sala de aula. E uma curiosidade sobre os caminhos percorridos por ambos. Um ex-aluno, de nome Paulo Ricardo Chamaniego, que se tornara taxista. Casado, com família constituída e de bem com a vida.

A partir daquele encontro casual, esta ex-professora tem usado inúmeras vezes os serviços deste taxista, pois, aos domingos, ela almoça bem próximo ao local onde ele tem seu ponto fixo.

Conversas e mais conversas. Boas lembranças daquela escola tão querida, que ficou na memória de ambos.

Antes, permitam-me esclarecer que esta ex-professora sou eu mesma.

Continuemos...



Mais incrível ainda foi um encontro recente, na metade deste ano de 2016.

Ao atravessar, com certa pressa, um posto de gasolina, já voltando do almoço, alguém se coloca à minha frente e exclama, em alto e bom som:

- Professora Sonia! A senhora está igual!

Confesso que deste ex-aluno, quando se identificou, eu não lembrei o nome.

- É o Everton Garrido Barreto! Sou cabeleireiro e trabalho num salão logo aí.

Ele, acreditem, trabalha bem próximo à rua onde moro.


Agora, o mais incrível! Quarenta e um anos já se passaram.

Diante desse encontro, que surpreendeu a ambos, paramos próximo a uma das bombas de gasolina e ali ficamos conversando por algum tempo. Belas lembranças, bons tempos passados em sala de aula.

Este ano, no Dia do Professor, sem me dar conta da data, fui visitá-lo no salão onde trabalha. Lá estive por um bom tempo jogando conversa fora. Ou melhor, revolvendo o baú das lembranças. Puxando para fora tudo o que lá se guardara por tanto tempo. E as emoções renovaram-se como se o ontem estivesse todo ali guardado, esperando apenas pelos atores da época renovarem suas “performances”. Por pouco não fiquei em pé, começando a caminhar pelo salão, como fazia em sala de aula. Não me lembro de sentar na cadeira do professor. Percorria a sala, caminhando por entre as classes. Era o meu estilo.

Tempos atrás, pensei sobre o assunto. Talvez agisse assim porque, se permanecesse lá sentada, desapareceria por trás da mesa, tal a pequena estatura. Depois, pensando melhor, acho que assim procedia para estar mais próxima dos alunos. Podia, desta maneira, vê-los “olho no olho”, o que propiciava maior aproximação e um consequente comprometimento do aluno que se via mais observado. Também, porque não dizer, mais acolhido em suas demandas pessoais. O fato é que sempre agi assim, mesmo com classes noturnas de jovens adultos.


No Dia do Professor, em 2011, publiquei a crônica O BRILHO NOS OLHOS. Naquela oportunidade, homenageei os professores que foram meus mestres. Que souberam ser criativos e que tinham um tanto de ator como o inesquecível Professor Édison de Oliveira. E, bem antes dele, os meus antigos professores do Curso Ginasial, o atual Ensino Fundamental que compõe os primeiros nove anos de estudos, antes do atual Ensino Médio. Citei pelo nome vários deles: todos excelentes professores.

A crônica de agora homenageia, também, os professores na visão que meus alunos guardaram de mim.

Fico extremamente feliz de poder ter encontrado, depois de tanto tempo, ex-alunos que me reconhecem ainda hoje. Tenho absoluta certeza que aquilo que permaneceu está baseado no meu desempenho em sala de aula, nos diversos tipos de abordagem, numa quase mise-en-scène, tamanha a preocupação com o alunado, considerando o público-alvo diferenciado que me observava. Por isso, mencionei a palavra “ator”, anteriormente. E meu mestre Édison de Oliveira foi, sem sombra de dúvida, o melhor professor/ator que encontrei.



Acredito que, hoje, a tecnologia em sala de aula só vem contribuir para que alunos e professores sejam parceiros neste novo processo de ensino-aprendizagem. Caberá, no momento atual, identificar qual a melhor performance em sala de aula, para que seu aluno ainda mantenha o brilho no olhar.

Este professor, com certeza, terá que dominar a máquina para poder se sobrepor a ela, quando a emoção do descobrir necessitar do empurrãozinho de um professor bem treinado neste novo mundo virtual.



Pois é! Depois do baú de lembranças ter sido todo remexido, eu e o Everton jogamos pra dentro tudo que saltara de lá. Ficaram apenas de fora a emoção do reencontro, o abraço apertado e o desejo de um novo encontro para logo mais.

Sempre convém lembrar que um baú serve para guardar coisas e que, vez por outra, deve ser aberto para verificar-se como anda o seu interior. Dar uma arejada!

Outra coisa que cabe relembrar é que este baú de memórias tem vários compartimentos. Neste, recém-aberto, constatou-se um saldo quase totalmente positivo, pois os protagonistas diretamente envolvidos nesta peça educativa cumpriram seus papéis com mestria.

O que restou negativo, então?

Aquilo que, até hoje, continua negativo: a política educacional do Estado Brasileiro.


A nota de tristeza vem agora. A escola de tão boas lembranças, daquele distante ano de 1975, foi alvo de vandalismo este ano.

A Escola Estadual de Ensino Fundamental Érico Veríssimo, de saudosa memória, não é mais a mesma. Aliás, muita coisa mudou por lá. A construção de excelente qualidade, já à época, as ruas planejadas da Vila Ipê 1 no bairro, recém criado, chamado Jardim Carvalho, a vizinhança ordeira e trabalhadora, os alunos educados, os professores motivados - tudo isso, acredito, continua lá. Então? Está faltando o quê?

Não responderei a esta pergunta. Apenas vale lembrar que, naquela época, permanecer na parada de ônibus, às 19 horas, totalmente sozinha, era algo habitual, corriqueiro e desprovido de perigo. Pelo menos, era assim que me sentia por lá, naquele tempo.


É imperioso que reergamos a vontade de permanecer ensinando, de vencermos as dificuldades, de mantermos a esperança de dias melhores. E que a política educacional do Estado Brasileiro comprometa-se com o futuro dos jovens e do país, por consequência.


Enquanto isso, que o brilho nos olhos dos alunos permaneça como resposta ao trabalho do professor em sala de aula.

A pergunta que não quer calar, porém, é:

-Até quando?


Depois deste último encontro, confesso que ser lembrada e reconhecida, como uma professora que marcou um momento daquelas duas vidas, foi a melhor recompensa recebida. Impossível algo melhor!









Dia do Professor (música: Nunca Deixe de Sonhar)








segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

NOSSA SEGUNDA CASA











O mato viceja. Era para ser enfeite, para embelezar. Era para acolher com seu gramado, com suas árvores que enfeitam o caminho.

A visão, porém, é outra. E isto é só o início. Difícil não se entristecer com esta imagem. Difícil achar desculpas para tanto descaso. 

Uma frente nada convidativa para quem entra e um caminho que se arrasta entre salas que exalam um ar pouco asseado, com carteiras que resistem ao tempo e a nenhuma manutenção. Passando por sanitários ainda em pior estado, chega-se ao pátio, não coberto, que, igualmente, revela pouco cuidado na sua conservação.

É desolador!

E este é o momento dela. Dia 15 de março ela fará aniversário. Ela que deveria apresentar-se acolhedora, com um aceno sedutor que garantisse um encontro diário proveitoso e enriquecedor para todos os que com ela venham a conviver.

É lá onde o imaginário infantil busca referenciais saudáveis, ainda não obtidos, muitas vezes, na comunidade de onde muitas crianças são originárias.

Mas, que nada!

Está cada vez mais sucateada!

Seus operadores, por outro lado, não mais conseguem viver dignamente com os baixos salários que lhe são oferecidos.

Que tristeza é ter a notícia de que um professor graduado em Pedagogia em São Luís, no Maranhão, tem que ficar batendo na porta de político para conseguir um contrato temporário. E, quando consegue, por 40 horas de trabalho percebe um pouco mais de R$ 1 mil. A reportagem do Jornal Zero Hora, de 10 de fevereiro de 2015, expõe esta vergonha nacional. O que não é diferente por aqui, terra dos gaúchos, em termos de remuneração.

Agora, mais vergonhoso torna-se ainda quando este professor atravessa o Brasil para vir colher maçãs em Vacaria, para obter um ganho bem maior do que como professor, durante os 90 dias em que aqui permanecerá. Explica a decisão pela necessidade, considerando o nascimento de um filho nos próximos meses.

Atentem:

Permanecerá no trabalho de colheita da maçã nos pomares de Vacaria, junto a outros tantos trabalhadores que sequer concluíram o Ensino Fundamental.

Que belo país seria este se Leandro da Silva Sampaio, este seu nome, pudesse atravessar o Brasil para vir aqui trocar experiências com colegas de profissão, em programas governamentais de incentivo à educação continuada, ao aprimoramento de técnicas pedagógicas. Ou se, pelo menos lá na sua terra, tivesse o apoio e remuneração condigna para aperfeiçoar-se e ser um multiplicador de novos saberes junto à escola onde trabalha.

É pedir demais?

Claro que não! É pedir o necessário para ver cumprida a sua vocação: que não é ser colheiteiro de maçãs.

Neste ritmo, no futuro, a falta de professores, que sempre se avizinha a cada início de ano letivo, estabelecer-se-á de forma definitiva, com a inexistência de professores para serem contratados, quanto mais nomeados. Ninguém mais quererá ser professor. 

Leandro confirma a falta de apoio pedagógico para a formação continuada.

Isso vai desanimando, diz ele.





Mas voltemos os olhos para a aniversariante.

Em 2008, a professora Regina visitou uma escola pública estadual em busca de um piano Essenfelder que lá se encontrava, por volta da década de 70, em perfeitas condições. Desta visita nasceu a crônica SAMBA DE UMA NOTA SÓ, publicada em 04/09/2008.

Na verdade, à época da visita, o tal piano já era uma sucata. Apenas algumas teclas ainda estavam intactas. Daí, o título da crônica.

Pois agora, há poucos dias, novamente Regina foi à escola em busca do piano. Não conseguiu vê-lo. Não havia monitores para acompanhá-la. Foi a desculpa. A responsável pela informação, porém, garantiu-lhe que o piano ainda se encontra por lá. E que alguém, talvez algum aluno (não ficou bem claro), tem pensado em trazer mais algum instrumento e formar uma banda. 

Que coisa! Só mesmo um milagre para ele ter resistido seis anos, considerando o estado em que se encontrava, confabulou com seus botões a professora. Milagres existem, porém! Concordo com a professora Regina.



Nos últimos dias, adentrei pelos portões de algumas escolas públicas estaduais e lágrimas brotaram-me dos olhos. É lastimável o estado em que se encontram. E a descrição do que foi visto encontra-se relatado no início desta crônica.

Eu que tenho na lembrança os nomes e as imagens de minhas professoras do Curso Primário, assim chamava-se o Curso Fundamental até a 5ª série, tenho saudade delas: a Ignez Angelina, a Sirlei Barcellos, a Lorena, a Maria Teresinha Tavares e a Edite Santos Gomes, por ordem sequencial, da 1ª à 5ª série.

Agora, a minha escola fotografada por mim em 2011, a Escola Estadual Dr. João Batista de Lacerda, que fez parte da crônica O PAI DOS MEUS BONECOS, publicada em 30/08/11, continua salva das pichações e do aspecto de abandono que encontrei nas demais.

Volto, novamente, neste reinício de ano letivo e a encontro ainda preservada. Serão meus olhos que assim a enxergam? Será que o acolhimento e o prazer do convívio lá encontrados, que pavimentaram minha trajetória, deixaram rastros tão marcantes que me permitem, hoje, ter a mesma emoção ao vê-la? Mesmo tendo sido erguida em seu lugar uma construção de alvenaria, pois ali existia uma das inúmeras brizoletas que vicejavam pela cidade à época?

Acho mesmo que o lugar, o espaço, o território que se palmilha, dia a dia, fica como que amalgamado ao nosso ser de tal forma que revivemos as emoções, boas ou más, quando, novamente, lá pisamos. E que bom que foi uma passagem tão marcada por boas lembranças.

A atual fotografia desta escola, abaixo colocada, prova que ela continua bela e, com certeza, de grande importância para os alunos que hoje nela estudam e os que virão a seguir.

Como diz a letra da música SOU A ESCOLA, cuja autoria não consegui descobrir, num vídeo publicado por Domingos Ramalho, português, em 20 de maio de 2013, é na escola que se constrói o futuro e é ela a nossa segunda casa.

E o seu refrão diz bem da importância de uma criança para a escola que vai acolhê-la nos seus primeiros passos como futuro ser pensante, reflexivo e construtor de vivências. Ali, naquele espaço mágico, surgirão seres que farão história, socialmente e individualmente falando, construindo um país melhor para si e para todos.



Minha saudação à NOSSA SEGUNDA CASA, a ESCOLA, no seu dia!

Meu desejo que ela cumpra seu papel neste reinício de ano letivo.

E a certeza de que ela me serviu de alicerce para a minha história pessoal.





Sou a Escola 


Reportagem:  



Escola Estadual Dr. João Batista de Lacerda 




segunda-feira, 15 de outubro de 2012

 






A TOCHA 

Vamos todos numa linda passarela

De uma aquarela que um dia, enfim, descolorirá.
(trecho de Aquarela - Toquinho)

As imagens que a letra revela são belíssimas. A música Aquarela, eternizada na voz de Toquinho, é pura poesia, do início ao fim. Esse verbo descolorir, que teima em repetir-se, no final da canção, é o mote para uma reflexão mais aprofundada ao ensejo de duas comemorações importantes: O Dia da Criança e o Dia do Professor. Ambas tão próximas nas datas e tão interligadas pelos sujeitos nelas homenageados. Não se pode dissociar a criança/aluno da figura do professor.

A partir da letra, extraímos o verbo descolorir que é privar-se de cor. No sentido figurado, é perder o brilho, o esplendor, o colorido, o afear-se, desvigorar-se, ficar sem expressividade.

O letrista lança a ideia de que todos nós, num determinado instante, que não se sabe nem quando, nem onde, descoloriremos, perderemos o brilho, para, finalmente, fenecermos.

Será que nós todos perderemos o brilho no olhar, o jeito criança de olhar o mundo, a flama (paixão, entusiasmo), que nos permite vencer obstáculos e pilotar a tal astronave, referida na letra, com mestria? Ou será que muitos já serão descoloridos ao nascer? Isso seria possível? E outros se tornariam desbotados a partir da maioridade? Com essa indagação, façamos uma reflexão sobre a expressão “descolorirá”, tão repetida na canção.

É, em parte, verdade que vamos, ao longo dos anos, nos defrontando com momentos iluminados e outros não tanto. Transpomos o muro da infância com relativa suavidade. O da adolescência, já não sem alguma turbulência. E o da vida adulta, com certeza, com alguns pousos forçados, com algumas decolagens abortadas, avanços e recuos estratégicos. Mas isso será o bastante para descolorir, aos poucos, esse caminhar? Será que essa passarela, esse caminho, algum dia, ou, no último dia, descolorirá?

Para aquele que tem como vocação a arte de ensinar, que se acostumou a ver o brilho nos olhos de quem o observa, a simbiose do olho no olho permanecerá para todo o sempre. Quem consegue perceber esse brilho e devolvê-lo com mais intensidade, é porque já o possuía como uma dádiva. Foi apenas uma questão de lapidação. Na verdade, aluno e professor são coisas indissociáveis. Para aqueles mestres que permaneceram na retina de seus pupilos, a eles jamais caberá qualquer tipo de descoloração. Sua luz será perene. 

A sensibilidade de ambos alimentar-se-á desde a pré-escola, quando ainda o desenho de um sol amarelo, com dois olhos sorrindo, iluminará e aquecerá essa combinação mágica. Ou ainda, bem depois, quando com seis retas poderão formar um hexágono e não mais um castelo. E, talvez, dependendo do fôlego e da vontade de estudar, quem sabe, com um simples compasso circule, não apenas o mundo sobre uma folha de papel, conforme diz a letra, mas elabore o esboço de uma construção na prancheta. Tudo bem redondo, tudo bem aconchegante. Tudo bem concreto, tudo bem real.

Portanto, quando há alunos motivados e professores com vocação para esse mister, o descolorir jamais se instalará. Ao mestre cabe esse papel, aquele que pilota o futuro, com as cores de uma aquarela, trilhando o caminho, qual peregrino, mesmo não sabendo aonde vai dar. É claro que, às vezes, esse futuro, sem pedir licença, muda nossa vida. Mas nós estaremos prontos a rir ou chorar, porque capazes de viver o bom e o mau momento, com igual intensidade. Temos, ou pelo menos deveríamos ter, reservas psicológicas para tanto.

Somos todos, professores ou não, seres de coloração intensa, ou deveríamos procurar ser. A cada um de nós cabe legar um eterno olhar colorido à vida. Se assim acontecer, não romperemos esse diferencial no encadeamento dos vários ciclos da nossa existência. Um olhar de criança, um olhar pleno de curiosidade, um olhar iluminado: é o que precisamos cultivar. E isso deve valer para todos. 

Aos professores, em especial, porque cabe a eles o papel de iluminar o caminho desses jovens, fazendo-os enxergar e vibrar com possibilidades novas de transformação do mundo que os cerca. Isso se faz com muita criatividade, com uma dinâmica diferenciada em sala de aula, elementos que, quando existentes, favorecem uma interação de qualidade entre aluno e professor. Daí nascendo a admiração pelo mestre e a vontade de ouvi-lo novamente, de vê-lo mais uma vez, estando garantida, assim, a presença e a atenção desse aluno em sala de aula.

Essa retroalimentação entre aluno e professor permite a manutenção do brilho interior, a “chama”, que mantém aceso o pulsar pela vida, não permitindo que se instale o descolorir-se, nem no último segundo.

Os alunos de hoje poderão ser futuros professores, ou não. Agora, o professor, que ama o que faz, será para sempre professor. Seu papel principal é carregar a tocha e fazê-la arder até o último instante. E como um menino que caminha, “chega no muro” e vê o futuro, ultrapasse ela (a tocha) os tempos e, mesmo depois da morte de seu condutor, permaneça acesa para os que se dispuserem a fazer o revezamento.

Daí, nada, nunca, descolorirá.

FELIZ DIA DA CRIANÇA!
FELIZ DIA DO PROFESSOR!

Agora, quanto à letra da música Aquarela ressalte-se que suas imagens nos levam a viajar. Traçam, por sobre a Terra, a vida dos que a habitam, num movimento contínuo e inexorável de nascimento, vida e morte, enfocando o imponderável, a finitude dessa vida, essa estrada que “ninguém sabe bem ao certo onde vai dar”, essa “passarela” vestida de todos os matizes que, lentamente, ou abruptamente, “descolorirá”. 
São imagens que, com certeza, nasceram de cabeças privilegiadas na arte de poetar.

 
OBS: As palavras assinaladas, em itálico, foram extraídas da letra da música Aquarela, tal como se encontram escritas originalmente.


Aquarela – Toquinho

 



Jornal Zero Hora, 16 de outubro de 2012