AO MESTRE DAS CURVAS,
NOSSOS CUMPRIMENTOS!
AO “OUTRO”, NOSSA
REPULSA!
Que arrojada arquitetura! Um verdadeiro mestre a projetou!
Como dois seios, duas semiesferas, colocadas lado a lado, em
posições inversas uma da outra, uma convexa e outra côncava, dão uma visão de
acolhimento.
Uma, à semelhança de um ninho, abriga um expressivo número de
representantes do nosso povo. A outra, menor, mas não menos importante,
protegida pela sua característica convexa, abriga um menor número de indivíduos
que, lá estão, graças também ao nosso voto. Nessas duas Casas, estão abrigadas
todas as espécies de garantias, imunidades, privilégios: um verdadeiro ninho
protetor.
O que acontece no interior dessas fortalezas do poder?
Sequer podemos imaginar.
Quando, porém, vem a lume algum malfeito, vê-se quão
inimaginável é a verdadeira realidade, quão vergonhosos são os meandros do
poder.
Sim, porque, onde há poder, há possibilidade de transgressão
por seus integrantes da ética, da moral e de outros pilares em que se deve
assentar uma sociedade justa, equânime e solidária.
Agora, quando a possibilidade torna-se uma prática
constante, cotidiana, isso depõe contra toda a Instituição. E isso é
gravíssimo. E mais grave ainda se torna quando tais comportamentos perpassam
todos os escalões dessa sociedade.
Pergunta-se:
Como ficam os “modelos”, aí presentes, aos olhos dos mais
jovens?
Como ficam os verdadeiros mestres diante “do
mestre” em maracutaias?
Quando os exemplos de retidão, de honestidade, de integridade
encontram-se diminuídos e definhando a cada dia, o que resta? Um salve-se quem
puder? Será essa a receita?
Quando escândalos acontecem, nessa proporção, são como bombas de efeito devastador e que
deixam à mostra o pedaço mais torpe,
o lado escuro do ser humano, aquele que deve ser abortado por nós.
Que nessa Páscoa, termo que em hebraico (Pessach) quer dizer
passagem,
possamos ultrapassar o desencanto e a descrença nas Instituições.
Que mantenhamos acesa a esperança por dias melhores e a expectativa
do surgimento de lideranças probas, capazes de dar bons exemplos às novas
gerações.
Que renasçamos, num futuro, como uma sociedade de indivíduos
dignos de representá-la. E que, sobretudo, percamos o hábito do famoso
“jeitinho brasileiro”.
Aliás, o Coelhinho da Páscoa assim se manifestou, cantando,
quando perguntado: