terça-feira, 19 de agosto de 2025

QUE BELO CÉU!




Quando azul, um presente aos olhos. Mesmo quando plúmbeo, é bem melhor do que as cenas que nos cercam. As lixeiras, colocadas nas ruas, parecem não cumprir sua destinação, pois seus usuários, embora usem-nas de forma correta, há quem remova parte do seu interior, levando embora, e deixando restos espalhados pelo entorno. Quanta sujeira!

Saudades do tempo em que o caminhão, que recolhia o lixo diariamente, circulava pelas ruas, em frente às casas, levando os pacotes ali deixados. Havia ordem e respeito pelo meio ambiente que cercava os cidadãos.

Esqueçamos, porém, essas cenas.

Há uma rua, em meu bairro, que a música tocada por conjuntos é um presente todas as sextas-feiras e sábados aos seus moradores.

Sem citar nomes, quem aqui reside, tem um agradável final de tarde ao som de músicas.

A música é um elixir contra a tristeza, a depressão e o desânimo que têm feito parte do nosso cotidiano.

A música clássica, igualmente, é um presente aos ouvidos de quem assiste uma orquestra sinfônica executando tais partituras.

No nosso dia a dia, porém, a música popular brasileira é extremamente apreciada.

Os antigos e os novos compositores têm um lugar reservado na história dessa música popular que permanece como um referencial de prestígio para o país.

Olhemos, portanto, para o céu que nos cobre e aguça nossa imaginação e ouçamos os sons que os grupos musicais nos oferecem, todas as semanas, nesta rua tão especial.
















quarta-feira, 16 de julho de 2025

SOMOS TODOS ATLETAS


São milhares. Em quaisquer dias da semana. Geralmente, à noite.

Os problemas do cotidiano, com certeza, serão muitos, mas não afetam o desejo e a entrega de seres apaixonados pelos esportes. Com ênfase no futebol que arrasta multidões aos estádios.

O extravasar das emoções é o que se observa, de forma constante, em quaisquer competições esportivas.

A Psicologia deve explicar esta busca pela possível conquista do time “do coração” em disputas pelo país inteiro.

Os times vencedores alimentam esta vontade dos torcedores sentirem-se também vencedores, pelo menos em campo.

O sentimento de pertencimento a um grupo que comparece aos estádios é visível.

Não importam a distância, as dificuldades para a locomoção e a possível violência dentro e fora dos estádios. Esses fatores não afastam os fiéis, fanáticos e esperançosos torcedores.

Sentir-se vencedor é por demais importante para essas pessoas que vestem as camisas de seus times.

Bom seria se pudessem também sentirem-se vencedores trabalhando em condições não muito satisfatórias.

Vencer as dificuldades do cotidiano que, muitas vezes, são inúmeras comprova que somos todos vencedores, quando nos empenhamos em fazer o melhor ao nosso alcance.

O time vencedor serviria para nos alegrar, se torcêssemos por ele, ou para repensarmos, se acaso não vencesse, que somos muito mais em competência e força de vontade para atingirmos o sucesso.

Portanto, saiamos dos estádios com o firme propósito de nos superarmos em quaisquer situações, pois no jogo diário somos atletas que não se deixam abater.

E, claro, não desmereçamos nossos oponentes, pois somos, todos, atletas do cotidiano.









quinta-feira, 26 de junho de 2025

RECOMEÇAR: É PRECISO.



Chegam devagar. O banco, vazio, os recebe. Lado a lado, acomodam-se. Não se falam. Ele, olhar perdido, respira apenas. Nada parece interessar. Nem suas mãos movimentam-se. Ela, vez por outra, fala algo.

Que pena! Não dá pra ouvir. Do banco ao lado, Helena observa o casal. Têm aproximadamente a mesma idade. São diferentes, porém. No olhar feminino há mais luz, mais brilho, mais vida. Acompanha com visível interesse o entorno. O rapaz que panfleta alcança um pedaço de papel colorido com alguma propaganda. Ela, habilidosa, de imediato vai construindo um barquinho. Um barquinho de papel, aprendido na infância. Timidamente, mostra ao companheiro. Ele olha com olhos de absoluta indiferença. Ela, por sua vez, fala palavras que se perdem por entre as árvores da praça onde se encontram.

Que lástima não poder ouvir! Helena fica a conjecturar sobre pensamentos e sentimentos transbordantes daquela cena. Com certeza, haverá tantas coisas pra falar. Tanta vida! Helena navega mais além e imagina, por exemplo, que aquela senhora se acostumou a sentir prazer em doses esporádicas. Lembra-se de si própria quando regava as plantas que se espalhavam pelo apartamento, encontrando nisso única fonte de prazer: o prazer do encontro com o outro. Não importando que o outro fosse uma planta ou, como agora, um barquinho de papel. Com esses pensamentos, Helena vê aproximar-se outro casal de idades aproximadas.

A mulher adianta-se e vem cumprimentar a conhecida: aquela do barquinho. O homem, por seu turno, mantém-se à distância. Depois, muito lentamente, aproxima-se. As mulheres, a esta altura, já conversam animadamente. Parecendo sentir-se obrigado, o recém-chegado cumprimenta com a cabeça e troca umas poucas palavras com o cidadão: aquele do olhar perdido.

Helena observa o entusiasmo com que as duas mulheres conversam. Parecem sugar uma da outra toda a seiva de que ainda dispõem. Parecem alimentar-se de “pura vida”. É comovente observar-se esse esforço mútuo.

Porém, aproxima-se o companheiro da “loquaz visitante” e, com um olhar e um toque no braço, sinaliza o fim do encontro.

Visivelmente contrariada, a mulher encerra a conversa. Lança, ainda, um muxoxo para a amiga, que sorri. Que vontade de “quero mais”!

Ele, afastando-se, encara a mulher que, prontamente, despede-se e o acompanha. E lá se vão... Lado a lado, mudos.

No banco da praça, o barquinho, nas enrugadas mãos, permanece. Com carinho, a senhora completa a última dobra.

Em frente, no laguinho, outro barquinho navega: daqui pra lá, de lá pra cá. Vai e volta...

Que pena! Esse não navega mais. Atracou no banco. Sucata virou.

Helena observa o casal que se levanta. Por sua vez, acredita que ainda haja tempo e força para lançar o seu próprio barco e virar “timoneira”.

O sino da igreja próxima desperta Helena para o instante que se foi.

Do seu banco, ainda enxerga o barquinho de papel. Resta caído no chão, levado pelo vento.

E àquelas mulheres o tempo também expirou.

Que pena!

Helena, porém, ainda acredita num recomeço: o seu.




*Conto que recebeu Menção Honrosa no Concurso de Contos promovido pela Câmara Literária de Pomerode/SC, em setembro/2018.  









                                             

terça-feira, 8 de abril de 2025

QUE CENAS!



Deixa o vento passar.

Deixa a chuva cair.

Deixa os dias e as noites seguirem seu fluxo normal, constante e bem-vindo a todos que, por aqui, estão.

Aquela casa abandonada com um pátio, em que as árvores permanecem ainda com vida, são a prova de que a chuva é benfazeja.

Agora, outros cenários são desoladores. Uma meia dúzia de indivíduos atirados, junto a um muro, em plena Avenida Ipiranga, são um exemplo.

Tem aquele outro indivíduo que fica em frente a um restaurante, na Avenida Getúlio Vargas, olhando um senhor que almoça, para pedir “um dinheirinho” quando este deixa o restaurante. Quando é sugerido ou ofertado um emprego rejeita, não demonstrando, assim, o menor esforço para aceitar um trabalho.

Como colocar um fim a estas cenas?

Cabe aos governantes eleitos tomarem as medidas necessárias para colocar um fim ou, pelo menos, minimizar este cenário.

Aos dependentes de drogas, direcioná-los a um atendimento médico-clínico e mantê-los sob guarda em casas destinadas para isso.

Se o desocupado não fizer uso de drogas, a Polícia e a Brigada saberão como agir em caso de assalto ou importunação a pedestres, restaurantes ou casas comerciais.

Estes cenários podem ser modificados.

Os governantes têm a obrigação de buscarem soluções para este quadro desolador de miséria moral e social.

O que se percebe é que parece não haver interesse em resolver estas questões.

Os votos, de ora em diante, devem ser direcionados, em época de eleição, aos candidatos que apresentarem um mínimo de preocupação em relação a estas questões.

Estes atuais cenários devem servir de efetiva modificação pelos postulantes aos cargos de Prefeito, Governador, bem como aos demais políticos porto-alegrenses.

Este é o desejo dos eleitores de nossa Porto Alegre.

Assim, ela manter-se-á ALEGRE.









quarta-feira, 12 de março de 2025

O AMANHECER



A noite passou rápida.

Ou foi impressão?

Momentos de descanso e de recuperação das energias para um novo amanhecer são sempre bem-vindos.

Os dias atribulados, por quem ainda trabalha, são permanentes diante das incertezas e dos desafios cotidianos.

Aqueles, porém, que não mais trabalham despertam e, ainda, procuram um sentido promissor para os dias que se sucedem.

Atividades diversas podem preencher esse novo tempo.

Agora, para muitos uma caminhada diária, pelas ruas do bairro, é uma recomendação médica bastante importante.

Como fazê-la?

Diante da insegurança, que os bairros estão apresentando, torna-se arriscado e nada prazeroso caminhar pelas ruas.

Durante os dias de semana, de 2ª a 6ª feira, ainda é possível fazê-lo. Aos sábados, talvez. Aos domingos e feriados, jamais.

Até quando isso vai persistir?

Essas são observações de quem ouve, constantemente, os receios de pessoas que gostariam de desfrutar da possibilidade diária de fazer caminhadas pelo bairro.

Recorrer a quem para achar uma solução?

Nossos governantes deveriam atentar para as dificuldades enfrentadas por seus eleitores.

Promessas? Apenas no período eleitoral.

Depois?

Outras questões tornam-se prioritárias, porque, geralmente, envolvem valores financeiros, sempre bem-vindos, por quem está no poder.

Talvez, em algum amanhecer, notícias mais alvissareiras tragam esperança de melhores dias.

Enquanto isso, os indivíduos tem que persistir em busca de soluções que tornem seu cotidiano mais ameno.

E, convenhamos, segurança de ir e vir é uma condição básica para quem ainda trabalha diariamente.

Que nossos futuros amanheceres tragam a certeza de que o nosso cotidiano oferecerá a segurança necessária para irmos trabalhar ou, apenas, passear pelas ruas do bairro em que moramos.

Aguardemos, novos dias, com esperança.