A Natureza, que cerca um pequeno
ser, é por demais valiosa na formação de imagens mentais que o acompanharão ao
longo da existência.
Feliz é aquele pequeno ser que
pode desfrutar desses momentos mágicos.
Instantes de pura emoção que o
acompanharão, num futuro, fazendo parceria com o ser amado, com o filho
desejado e mesmo na solidão dos tempos que se seguirem.
Fizemos parte desta Natureza, que
nos acolhe, pela existência afora e é sobre ela que devemos fixar o olhar em
todas as suas manifestações.
Salvem as crianças das telas que
estreitam seus olhares, que não lhes permitem sonhar, imaginando que aquela
nuvenzinha, distante, transforma-se a todo o instante, formando belos desenhos
que servirão de motivação para a construção de memórias para todo o seu viver.
Afastem as crianças das telas
promíscuas, pois isso é um desserviço posto à disposição de qualquer um, a
qualquer hora.
As crianças precisam retornar ao
seu mundo infantil, àquele mundo que as prepara para serem adultos melhores na
sua essência, mais contemplativos, por isso mais criativos
porque a bagagem trazida estava repleta de imagens saudáveis, que tornam o
nosso viver mais solidário e o nosso cotidiano mais alegre e feliz.
Viva o Agosto que chegou!
Bem! Sou suspeita em brindá-lo,
pois tenho por ele um amor intenso: desde muito tempo.
Seus dias, tardes e noites
continuam iluminados, mesmo que em sonhos.
Aquela menininha que ouvia o bater de folhas secas, caídas
das árvores, sobre um chão batido e que formava figuras quando olhava o passeio
das nuvens no céu, só pode, hoje, encantar-se com imagens como as que seguem:
Que no céu só vi tudo quieto, só um moído de
nuvens (...) e tantas cordas de chuvas esfriavam as cacundas daquela serra.
Olhei para cima:
pegaram nas nuvens do céu com as mãos de azul.
O luar que põe a noite
inchada.
Saí de lá aos grandes
cantos, tempo de verde no coração, numa alegria feito nuvem de abelhas em flor
de araçá.
Me lembrei da luzinha
de meio mel, no demorar de olhares dela, (...) a docicez da voz, os olhos tão
em sonhos.
(Trechos da obra GRANDE SERTÃO VEREDAS de João Guimarães Rosa)
Ou, quem sabe:
É uma sombra verde,
macia e vã.
(Carlos Drummond de Andrade)
Ou, ainda:
Nasce a manhã, a luz
tem cheiro... Ei-la que assoma
Pelo ar sutil... Tem
cheiro a luz, a manhã nasce...
Oh! Sonora audição
colorida do aroma!
(Alphonsus de Guimaraens)
Ou, também:
A noite dorme um sono
entrecortado, alfinetado de grilos.
Há sempre, afastada
das outras, uma nuvenzinha preguiçosa que ficou sesteando no azul.
As águas riem como
raparigas
À sombra verde-azul
das samambaias.
(CADERNO H – Mario Quintana)
Essas são imagens ligadas à Natureza descritas não apenas
por poetas, mas por escritores que usam da infinita possibilidade que ela
oferece a quem se detém a observá-la.
Mas será que hoje, ainda, será possível manter-se essa
capacidade de observação diante do uso da Internet, quase que dia e noite?
Já Quintana escrevera em seu CADERNO H, sob o título O
MUNDO, o seguinte:
A coisa começou desde
os dias já remotos da invenção do telégrafo. Depois foi o TSF, o rádio, a TV,
etc. E o Tempo, atônito, engolindo o Espaço. E esse vasto mundo diminuindo,
diminuindo, diminuindo... até se vir esconder covardemente dentro do nosso
quarto.
E para piorar, quando esse jovem sai do quarto, o que
encontra pelo caminho, no bairro onde mora? Lixo espalhado, árvores que teimam
em sobreviver, seres humanos atirados pelas calçadas a dormir o sono dos
anestesiados pela fome, pela droga, pelo desamparo, pelo “nem aí” do coletivo
que desvia, sem muito olhar.
À noite, o céu ficou reduzido a faixas entre um edifício e
outro. E ela, a noite, está perigosa, muito perigosa. Sentar na calçada é coisa
de antigamente. A coisa de hoje é trancar-se dentro de casa, de preferência no
quarto, em frente à Internet. Mas existe muito mais além dessa tela.
Existem:
Uma rãzinha verde no
gris da manhã...
Um sorriso na face de
um ceguinho...
Uma nota aguda como
uma pergunta de criança...
Um cheiro agradecido
de terra molhada...
Um olhar que nos enche
subitamente de azul...
(COISAS – CADERNO H)
E, também, muito tempo atrás:
Havia um tempo de
cadeiras na calçada. Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo em que as
crianças brincavam sob a claraboia da lua. E o cachorro da casa era um grande
personagem. E também o relógio de parede! Ele não media o tempo simplesmente:
ele meditava o tempo.
(TEMPO PERDIDO – CADERNO H)
E, ainda, Quintana:
Aprendi a escrever
lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo. Naturalmente, quase sem
querer, numa espécie de método subliminar. Em meus tempos de criança, era
aquela encantação. Lia-se continuamente e avidamente um mundaréu de histórias (e
não estórias) principalmente as do Tico-Tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase
após frase, do princípio ao fim.
Ora, as crianças de
hoje não se acostumam a ler correntemente, porque apenas olham as figuras
dessas histórias em quadrinhos, cujo “texto” se limita a simples frases
interjetivas e assim mesmo muitas vezes incorretas. No fundo, uma fraseologia
de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas.
Exagerei? Bem feito!
Mas se essas crianças, coitadas, nunca adquiriram o hábito da leitura, como
saberão um dia escrever?
(O QUE ACONTECE COM AS CRIANÇAS -
CADERNO H)
Competiria aos pais
dessas crianças, não a nós, incutir-lhes o hábito das boas leituras. Ora essa!
Mas se eles também não leem... Vivem eternamente barbiturizados pelas novelas
da Televisão.
(O QUE ACONTECE COM OS PAIS – CADERNO H)
Mas o que tem isso a ver com a tela do computador, com o
acesso ilimitado a todos os sites possíveis, durante um tempo ilimitado, sob um
bombardeamento de assuntos, propagandas, mensagens subliminares e por aí?
Pois a questão de fundo é mais grave do que se pensa.
E aqui chegamos ao excelente livro de Nicholas Carr,
traduzido para o português, em dezembro de 2011, com o título A Geração
Superficial: o que a Internet está fazendo com os nossos cérebros. Vale a pena
lê-lo. É um livro de grande profundidade onde Carr analisa as influências
negativas que a Internet exerce sobre quem a usa.
Na obra, Carr comprova, por experiência própria, a
considerável diminuição da sua capacidade de concentração e contemplação. Ele
próprio afirma que estava se tornando incapaz de prestar atenção a uma coisa
por mais do que uns poucos minutos. Conforme narra em seu livro:
“Comecei a perceber
que a net estava exercendo uma influência muito mais forte e mais ampla sobre
mim do que o meu velho PC solitário jamais tinha sido capaz. Não era apenas que
eu estava despendendo muito mais tempo defronte a uma tela de computador. Não
era apenas que tantos dos meus hábitos e rotinas estavam mudando porque me
tornei mais acostumado com, e dependente dos, sites e serviços da net. O
próprio modo como o meu cérebro funcionava parecia estar mudando. Foi então que
comecei a me preocupar com a minha incapacidade de prestar atenção a uma coisa
por mais do que uns poucos minutos. Primeiramente tinha imaginado que o
problema era um sintoma de deterioração mental da meia-idade. Mas o meu
cérebro, percebi, não estava apenas se distraindo. Estava faminto. Estava
exigindo ser alimentado do modo como a net o alimenta – e, quanto mais era
alimentado, mais faminto se tornava. Mesmo quando eu estava longe do meu
computador, ansiava por checar meus e-mails, clicar em links, fazer uma busca
no Google. Queria estar conectado. Assim como o Word da Microsoft havia me
transformado em um processador de texto de carne e osso, a Internet, eu sentia,
havia me transformado em algo como uma máquina de processamento de dados de
alta velocidade, um HAL humano”. (p.31 do citado livro)
O autor do livro destaca, segundo sua própria experiência,
vários efeitos que a Internet ocasiona em quem dela faz uso constante. Entre
tantos, ressalta a distração do usuário, a alteração da sua estrutura cerebral,
a modificação na maneira de pensar e agir, bem como a perda do autocontrole e
da calma interior. A partir dessas conclusões, teríamos uma leitura descuidada,
um aprendizado superficial e o cultivo de um pensamento distraído e apressado.
A Internet, conforme estudos, cerca-nos de estímulos
sensoriais e cognitivos intensos, repetidamente, de forma interativa e aditiva,
levando-nos à condição de um viciado, sofrendo esse intensas e rápidas
alterações dos circuitos e funções cerebrais.
Com isso, estamos perdendo a capacidade de ler
profundamente.
Jakob Nielsen, dinamarquês, cientista da computação com PhD
em interação homem-máquina, já em 1997, afirmara que os usuários da web não
leem. E isso seria, segundo Carr, uma
involução da civilização, pois estaríamos passando da condição de cultivadores
de conhecimento pessoal para os ancestrais caçadores e coletores da floresta
dos dados eletrônicos. (p.192 do citado livro)
Se a web consegue fragmentar nossos pensamentos,
desconcentrar-nos, levando-nos a perder o foco, ou melhor, pulverizando-o para
multitarefas, o que acarretará uma diminuição na capacidade de pensar e
raciocinar sobre uma questão, perderemos a originalidade e a possibilidade
criativa de um cérebro livre, não dominado.
E ao que parece ninguém está muito interessado em uma
leitura vagarosa, num pensamento concentrado. O negócio, que é um negócio, é
mesmo a distração dirigida aos produtos que estão em oferta no mercado para
serem vendidos e consumidos.
E isso compromete a cultura, pois ela não pode ser volátil e
sim renovada nas mentes daqueles seres que compõem cada geração.
Carr, ainda afirma, na página 293 do citado livro:
“Quando alguém
escavando valas troca a sua pá por uma escavadeira, os músculos dos seus braços
se enfraquecem mesmo que a sua eficiência aumente. Uma troca semelhante pode
acontecer ao automatizarmos o trabalho da mente.”
E, mais adiante, ainda afirma na página 299, que experimentos indicam que quanto mais
distraídos nos tornamos, menos aptos somos a experimentar as formas mais sutis,
mais distintamente humanas, de empatia, compaixão e outras emoções. Seria
precipitado concluir que a Internet está solapando nosso senso moral. Não seria
precipitado sugerir que, à medida que a net está fazendo o roteamento dos
nossos caminhos vitais e diminuindo a nossa capacidade de contemplação, está
alterando a profundidade de nossas emoções, assim como de nossos pensamentos.
.
E, na página 301, finaliza citando Martin Heidegger,
filósofo alemão que, já na década de 50, observara que:
“A onda de revolução
tecnológica iminente poderia cativar, enfeitiçar, deslumbrar e distrair de tal
forma o homem que o pensamento calculista poderia um dia vir a ser aceito e
praticado como o único modo de pensar. A nossa capacidade de engajamento no
pensamento meditativo, que ele via como a essência mesma de nossa humanidade,
poderia se tornar vítima de um progresso desenfreado. O avanço tumultuado da
tecnologia poderia abafar as percepções, pensamentos e emoções refinados que
somente surgem com a contemplação e a reflexão.”
A constatação de Carr, ao sentir-se como uma máquina de
processamento de dados de alta velocidade, corrobora estudos que conduzem à
conclusão de que seus usuários constantes, alvos de estímulos sensoriais e
cognitivos intensos, são levados à condição de viciados.
Ao que parece, por aqui, já começaram a surgir casos de
drogadição por uso constante da Internet, como demonstra a reportagem do Jornal
Zero Hora, de 02 de fevereiro de 2014, juntada abaixo. Nela, a psicóloga, que
atende a paciente, afirma que no processo de reabilitação os sintomas são os
mesmos de um viciado em drogas.
Então, meus caros, trabalhos como o citado na crônica ATÉ
QUE ENFIM..., publicada em 19/10/13, são de vital importância para a manutenção,
no ser humano, daquilo que lhe é próprio. A capacidade de expressar em palavras
o sentimento que se instala pela junção de todos os sentidos convergidos,
transpondo para o papel todo um poder de contemplação, de observação, de
ligação entre o eu e o outro, entre o eu e a Natureza. Nada virtual. Tudo bem
real.
Chuva é uma gota que
cai do céu.
Paz é quando a gente
fica quieto. Daí conseguimos escutar a paz.
(trabalhos de alunos de escolas da Capital,
inseridos numa Amostra de W.
Carol, artista plástica). Uma iniciativa de grande valor.
Ah! Levem suas crianças para os parques, para locais onde
possam manter contato com a Natureza. Isso será de grande valia para elas e
seus descendentes.
Portanto, crianças, saiam do quarto, façam o contrário do descrito
por Quintana em seu O MUNDO, transcrito acima.
E, uma vez mais, Quintana:
As pessoas sem
imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as
terras mais estranhas... Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta
apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.
(NADA SOBROU – CADERNO H)
Sendo assim, Quintana, novamente, estava certo, quando escreveu:
O leitor que mais
admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já
interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.
(A ARTE DE LER – CADERNO H)
É! A menininha, que ouvia as folhas secas caírem, concorda
com Nicholas Carr, integralmente: contemplação e reflexão ainda são
fundamentais. A máquina é APENAS uma ferramenta a nos auxiliar. O ser humano e
a Natureza, caminhando juntos, evoluirão de forma gradual e sustentável. A
tecnologia deverá ser mantida e garantida como uma conquista do homem, mas não
levada a causar-lhe uma gradual deterioração da sua capacidade de pensar, de
refletir, e, principalmente, de sentir, de emocionar-se, de criar afetos.
Convenhamos, máquinas não sentem.
E, muito menos, apaixonam-se.
Deixem essa tarefa para os humanos, pois nisso são
competentes criadores e criaturas.
Não esqueçam, porém, de manter viva a criança interior.
Imaginem-se...
Pegando carona na cauda de um cometa
Indo ver a Via Láctea
Estrada tão bonita...
LINDO BALÃO AZUL (GUILHERME ARANTES)
Boa audição!
Lindo Balão Azul – Guilherme Arantes
Reportagem ZH – Dia 02/02/14 – p.30 – SEM DESCONECTAR
Não importa se os dias são corridos, se acabo enxergando
apenas semáforos, pedestres que se acotovelam pelas ruas, se espremem nos
coletivos, ou se esbarram em shoppings e supermercados. Se pouco vejo os
familiares ou se já nem os tenho mais.
Diante desse quadro, preciso, isso sim, é cultivar a
emoção/contemplação, a emoção/sentimento. Aquela que foi a própria essência do
estilo clássico. Aquela que abre passagem para a vida interior.
Michel Lacroix, filósofo e professor francês, autor do livro
O Culto da Emoção,discorre sobre os
tipos de emoção existentes.
Classifica a emoção/choque como a que nos acompanha nos dias
atuais. E ela apenas serve para nos chocar, sem nos dar nada em troca.
Tampouco, torna-nos mais colaborativos. Apenas assistimos à miséria e ao
extremo oposto como meros consumidores. Nossas sensações, nossas experiências
excitantes, a partir dessas cenas, não têm um objetivo maior e principal. Por
outro lado, a sensibilidade do sentir contemplativo exige muito mais. Exige
tempo para que se transforme em um sentimento. Esse é um norte a alcançar.
E nós, seres humanos, somos seres com sentimentos. Nossas
emoções originárias são fornecidas por situações reais que nos cercam.
Aquelas outras, modernamente criadas por técnicas em que o
espetáculo é o choque, a perturbação, a perda de referenciais, não parecem
levar o indivíduo a alcançar o nível de contemplação que o enriquecerá
interiormente. Sem ter a percepção aguçada para o real que o circunda,
tornar-se-á um mero consumidor de videogames, de músicas violentas, daqueles
programas televisivos desprovidos de conteúdo, de filmes em 3D, de uma
realidade virtual cujo cenário é prodigioso, mas onde a imaginação torna-se
supérflua. Tudo muito atordoante.
E que futuros adultos estarão a formar-se?
Quem terá, daqui pra frente, sentidos tão aguçados a ponto
de ouvir o barulho de folhas secas caírem sobre um chão compacto, de um pátio
existente lá na distante infância?
E o cheiro de terra molhada prenunciando chuva próxima?
E o barulho das folhas ao vento?
E os olhos acompanhando o pisca-pisca das luzes enfeitando a
árvore natalina?
E o Papai Noel que, diziam, chegava na calada da noite?
E os brinquedos?
Estavam sob a árvore na manhã seguinte.
Tudo como num passe de mágica.
Segundo Michel Lacroix:
“O eu não é rico por si mesmo, mas pelo que retira do mundo, por sua
colheita emocional, sua disponibilidade ardorosa”.
“A verdadeira interioridade zomba da interioridade”.
E mais adiante:
“A vida interior requer a disponibilidade e a atenção para o mundo”.
“Precisa ser revitalizada pela exterioridade”.
“De certo modo, ela é o prolongamento dessas impressões, a condensação
dessas emoções refinadas que continuam a ressoar em nós, depois de seu objeto
haver desaparecido”.
Precisamos da realidade que nos cerca, porque o virtual é
apenas um descolamento do sentir/contemplação para uma emoção que choca,
constrange, amedronta ou excita. O essencial, porém, torna-se amorfo, sem uso,
ensimesmado, incapacitado diante do outro e frente ao mundo. E o essencial é o sentimento/emoção,
aquele que obtemos ao pousar os olhos em outro par de olhos, ao apreciar um pôr
do sol, ao vivo e em cores, ao abraçar fisicamente, não virtualmente, um amigo,
ao observar o pouso suave de um pássaro sobre a árvore da praça. Ainda, só para
lembrar, como estamos tão próximos do Natal, é montar a árvore, embora já não
um pinheiro verdadeiro, mas ainda tangível, que se pode tocar, aos moldes
daquela que ainda povoa nossas lembranças.
A árvore virtual, tão moderna, sinceramente, não sei se as
crianças lembrar-se-ão dela quando chegarem à velhice. E a vida interior,
talvez, esteja mais pobre quando dela mais precisarem.
Por ora, usufruamos desse tempo de Natal para fazermos uma
pausa. E com os olhos brilhando, continuemos nos encantando com lembranças tão
gratas.
Pois, como afirma Lacroix:
“A alma não extrai nada de seu próprio fundo: é fabricada com belezas
externas”.
“Longe de ser autossuficiente, é apenas a sombra projetada pelo mundo”.
“É uma lanterna mágica na qual se projetam as imagens externas,
acompanhadas por suas vibrações emocionais”.
E o virtual, convenhamos, passa bem longe disso.
Esse é um campo que obscurece nossa sensibilidade,
deixando-nos à mercê de uma emoção excitada, desvinculada do outro,
integralmente artificial e egocêntrica.
E o Natal pede mais!
Agora, por outro lado, o mundo virtual do computador faz
parte do nosso dia a dia. Se atividades forem bem conduzidas por pais e
educadores e repassadas aos pequenos na hora exata, podemos, quem sabe, salvar
a emoção/sentimento, entre tantas outras oferecidas. Talvez, consigamos
livrá-los do pensamento massificado da grande manada.
Afinal, como diz Toquinho, na música Mundo da Criança, o
mundo da criança é abençoado. E, talvez, estejamos vendo fantasmas onde não
haja sequer mais indivíduos para assustarem-se com esses espectros. Pois nem
mais saberão o que é um fantasma!