E Deus criou...
Nós, à sua imagem e semelhança, também geramos, criamos e
recriamos com grande esforço, como nos diz Fernando Pessoa nos dois versos que
seguem:
O esforço é grande e
o homem é pequeno.
A alma é divina e a
obra é imperfeita.
(versos
extraídos do poema PADRÃO, inserido
na primeira parte (O Brasão) do livro MENSAGEM, uma ode patriótica)
Mesmo
assim, é nossa obrigação continuar acalentando esse ideal de criação
permanente, pois ela é a prova do grande amor de que somos constituídos. E esse
legado é o que nos move, é o que nos compete levar adiante. Carlos Drummond de
Andrade, em seu poema AMAR, verseja
assim:
Assim dessa forma é que o criar, que repousa no amor
ao outro, a um ideal, ao coletivo, se defronta, muitas vezes. A uma doação
ilimitada, pode seguir-se uma completa ingratidão. No plano familiar esse
comportamento é até bem encontradiço, bem comum.
Felizmente, as mais das vezes, esse criar tem uma resposta
pronta e receptiva e começa nas primeiras letras. E é a pessoa daquela primeira
professora, que conduz os primeiros passos do seu pequenino aluno, a quem
incumbe esse papel de criar condições para uma resposta positiva.
Com muito amor, pois esse criar depende desse ingrediente, o
conhecimento vai sendo não apenas transmitido, mas também buscado, numa
necessária simbiose, pelos parceiros dessa relação ensino/aprendizagem, isto é,
professor/aluno.
Criar condições encerra uma capacidade criativa que, a cada
dia, exige mais do professor, frente aos avanços da tecnologia.
Isso, porém, não é impeditivo para a obtenção de resultados
positivos, mesmo a infraestrutura à disposição não sendo adequada ou suficiente
para a aprendizagem.
Caberá ao professor, com criatividade, criar condições de
levar o alunado a um patamar, no mínimo, satisfatório de aprendizagem.
Por isso, considero este profissional, que se dedica ao ensino, o
indivíduo mais relevante no segmento social de uma comunidade.
Criar é um ato de amor e ser criativo é uma exigência
imposta, principalmente nos dias atuais, em que há grandes avanços, por um
lado, mas também grandes deficiências, por outro.
Numa sociedade, extremamente heterogênea em termos
econômicos, ser criativo impõe-se como arma a ser usada pelos mais carentes
para alcançar aquilo que a muitos outros é de fácil aquisição. E é ao professor
que cabe essa tarefa: a de conduzir o alçar voo, sustentando, em pleno mar de
vicissitudes, a manutenção e o alcance do destino final, qual seja, melhores
chances na vida através da educação e do conhecimento.
Temos um exemplo desse mister na pessoa da Prof.ª Maria
Alice Gouvêa Campesato. Docente da Escola Pública Municipal Nossa Senhora do
Carmo, no Bairro Restinga, exerce sua função com grande criatividade, levando
seus alunos da 6ª Série a descobrirem o prazer de ler.
Criou o Varal Literário, para que os alunos começassem a se
familiarizar com os versos de conhecidos poetas, tudo visando a explorar a
sensibilidade desses jovens leitores. A seguir, implantou o Clube de Leitura e
os Saraus Literários que, a meu ver, é o grande trunfo, pois é aberto à
comunidade, e é onde os participantes começam a sentirem-se mais confiantes.
Aprendem a ler com mais desenvoltura, a declamar e a interpretar poemas de
diversos autores. Assim vão, aos poucos, capacitando-se a criar os seus
próprios poemas, bem como textos em prosa. Fazendo uso de música, de imagens e
poesias, fica muito mais prazeroso o estudo de textos literários por essa gente
miúda.
Isso capacitará esses alunos, num futuro, a uma melhor
interpretação e compreensão de qualquer texto, de qualquer discurso. Aprendamos
a ler. Aprendamos a pensar. Aprendamos a refletir. Discutamos mais, dialoguemos
mais, tragamos à luz aquilo que já se encontra latente na própria alma.
Preocupemo-nos mais com os problemas humanos, particularmente com a ética:
esses são os belos ensinamentos de Sócrates.
Cidadãos forjam-se quando se lhes dá a capacidade de
entendimento de qualquer tipo de discurso, seja ele vazio ou merecedor de uma
reflexão maior. A seleção virá ao natural.
Portanto, parabéns à Professora Maria Alice que concorre,
como finalista, ao Prêmio RBS de Educação, Projeto: Leitura: Viagens
Literárias. Meu voto é para ela.
Destaco, abaixo, parte do texto da citada professora, em
que, no segundo parágrafo, afirma que, “nem
sempre o que se planeja dá certo, nem sempre a gente pega turmas receptivas”.
Digo eu, parafraseando Drummond:
“Saber amar o inóspito, o
áspero,
Um vaso sem flor. Mesmo assim, amar “essa secura toda”.
E
isso não é motivo para que se desista, conforme afirma Maria Alice.
Grande
verdade, professora!
A
Comunidade da Restinga agradece.
Esse
é o caminho para que se transforme uma comunidade, uma sociedade, um povo.
Transpondo o cântico de Fernando Pessoa à nossa aldeia:
Sabe-se que o esforço é grande e o homem é pequeno.
Sabe-se que a alma é divina e a obra imperfeita.
Sabe-se que a obra é ousada, mas é do professor a parte feita.
E o porto por achar caberá aos pupilos que, com Deus, perseguirão o por fazer, pois esse será permanente e eterno.
Transpondo o cântico de Fernando Pessoa à nossa aldeia:
Sabe-se que o esforço é grande e o homem é pequeno.
Sabe-se que a alma é divina e a obra imperfeita.
Sabe-se que a obra é ousada, mas é do professor a parte feita.
E o porto por achar caberá aos pupilos que, com Deus, perseguirão o por fazer, pois esse será permanente e eterno.
E
Viva o Dia da Criatividade, comemorado hoje, dia 17 de novembro.
Poesia AMAR – de Carlos Drummond de Andrade
Poema PADRÃO – cantado por Caetano Veloso
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Comentário via Facebook:
Maria Odila Menezes escreveu:
Amar...amar...amar! Eu amo, também, tuas crônicas e a tua criatividade. Parabéns! Professora Maria Alice! Parabéns, Soninha!!!